Vale chantageava empresa alemã por laudos de segurança, diz MP-MG
E-mails que levaram às prisões desta sexta-feira (15) comprovam que funcionários da Vale sabiam dos riscos e poderiam impedir o rompimento
Minas Gerais|Caio Sandin, do R7
O MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais), em entrevista coletiva, revelou detalhes sobre a investigação que levou a prisão de oito funcionários da Vale na manhã desta sexta-feira (25). Segundo os membros do órgão estadual, os funcionários detidos sabiam do risco de ruptura da barragem e, dentro de suas funções, poderiam intervir para impedir o rompimento.
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Segundo os investigadores, foram encontrados e-mails que comprovam que os suspeitos presos tiveram participação ativa em uma espécie de conluio entre a Vale e a alemã TÜV SÜD para apresentar relatórios de estabilidade sem apresentar os números que mostrassem a situação crítica da barragem B1 na mina do córrego do Feijão.
Ainda de acordo com o MP-MG, a troca de mensagens demonstra uma discussão interna entre representantes das duas empresas sobre a questão da estabilidade da barragem que rompeu há três semanas, em que funcionários da TÜV SÜD mencionam expressamente uma espécie de chantagem da Vale para que se comprovasse a segurança da represa de rejeitos, apesar do que os números aferidos pela vistoria apontavam.
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Os investigadores também afirmam que a Vale teria citado contratos futuros para coagir a empresa alemã a dissimular a situação crítica da barragem em relatórios tanto para o governo estadual, quanto para o governo federal.
Procurada, a Vale informou que "considera as prisões desnecessárias, pois os funcionários já haviam prestado depoimento de forma espontânea e sempre estiveram disponíveis para esclarecimentos às autoridades. A companhia tem apresentado documentos e informações voluntariamente e, como maior interessada na apuração dos fatos, permanecerá contribuindo com as investigações."