Vale deve retirar funcionários de "zona quente" em Brumadinho
Empresa se reuniu com sindicatos que denunciaram que operários estavam sendo deslocados para realizar busca de desaparecidos junto aos Bombeiros
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
A Vale concordou em retirar seus trabalhadores diretos e terceirizados da chamada "zona quente", onde são feitas as buscas por desaparecidos durante o rompimento da barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano.
Os que quiserem continuar atuando no trabalho de resgate de vítimas deverão passar por avaliação médica, segundo o Tribunal Regional do Trabalho.
Até o momento, 248 mortos foram identificados e outras 22 pessoas seguem desaparecidas.
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O acordo foi feito em audiência mediada pelo órgão, após denúncia do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Ferro e Metais Básicos de Brumadinho e Região, que revelou que a mineradora estava colocando funcionários que sobreviveram à tragédia para realizar trabalho que seria de competência do Corpo de Bombeiros.
O sindicato sugeriu que a Vale garanta a esses trabalhadores as mesmas condições de trabalho dos bombeiros, como programa de vacinação, descontaminação, ciclos de descanso e alimentação. A empresa tem oito dias para responder se aceita ou não a proposta.
Denúncia
A denúncia de funcionários da Vale levou o MPT (Ministério Público do Trabalho) a abrir inquérito para investigar a conduta da empresa. Segundo relatos dos operários, a empresa teria convocado para voltar ao trabalho pessoas que sobreviveram ao rompimento da barragem e foram afastadas de suas funções.
Além de retornar ao local da tragédia, elas teriam sido deslocadas para atuar na busca aos desaparecidos. À época, a Vale negou que funcionários auxiliassem os bombeiros na tarefa de resgate.
Em nota, a Vale disse irá se manifestar sobre a proposta apresenta pelos sindicatos "no prazo determinado".