Vale pagará até um salário mínimo a todos moradores de Brumadinho
Mineradora fechou acordo parcial com a Justiça e o MP após duas reuniões sem decisão; repasses serão feitos durante um ano
Minas Gerais|Do R7
Quase um mês após o colapso da barragem em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Vale concordou nesta quarta-feira (20) com parte das propostas de Ministério Público, representantes de atingidos pela tragédia e governo. Outras duas tentativas de acordo haviam fracassado, nos dias 6 e 13 de fevereiro. Pela negociação, a empresa pagará auxílio emergencial, por um ano, a todos os moradores da cidade. O desastre tinha, até quarta, 171 mortos e 139 desaparecidos.
O valor do auxílio será de R$ 998 mensais (um salário mínimo) por adulto, R$499 (meio salário mínimo) por adolescente e R$ 249 (um quarto de salário mínimo) por criança. O município tem cerca de 39 mil habitantes, conforme o dado mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo os MPs Federal e Estadual, o acerto só foi possível por intervenção da Justiça.
Leia também
Mulher resgatada por corda vive luto da morte da família na lama
Brumadinho: menina de 10 anos faz poema em homenagem a bombeiros
Brumadinho: acordo preliminar antecipa pagamento a moradores
Vale diz que ANM determinou suspensão de atividades em Fábrica e Vargem Grande
Barragens da Vale em Ouro Preto não passam em teste de segurança
Os valores são retroativos a 25 de janeiro, quando ruiu a barragem. Mas não há data para o início dos pagamentos, o que depende de cadastramento. Segundo o MP Federal, o acordo envolve ainda moradores que vivem às margens, até 1 KM, do leito do Rio Paraopeba, poluído pelos rejeitos. Esse acordo vale até a cidade de Pompéu (a cerca de 200 KM de Brumadinho), área onde o rio atinge o reservatório da hidrelétrica de Três Marias, região central do Estado.
O acordo inicial previa 40 cláusulas. Conforme o promotor André Sperling, os outros pontos continuarão sendo discutidos. Para o representante do Movimento dos Atingidos por Barragens, Joceli Andreoli, "a Vale teve de ceder".
Diretor jurídico da Vale, Alexandre D'Ambrósio negou que a empresa tenha sofrido pressão do juiz para fechar o acordo. "Sairia de qualquer forma", afirmou. "Não foi uma imposição." As audiências foram realizadas na 6.ª Vara da Fazenda Pública, em Belo Horizonte. Houve protesto na porta do prédio durante a reunião.
Desabrigados
Cerca de 125 moradores de regiões próximas a uma barragem da Vale em Nova Lima, na Grande BH, e quatro em Ouro Preto, a 96 KM da capital mineira, foram retirados de casa nesta quarta por risco de rompimento das represas. O nível de segurança das estruturas foi elevado para 2, o que demanda a imediata evacuação.
Em 12 dias, sobe para cinco o número de comunidades próximas a barragens de minério no Estado cuja população teve de ser retirada de casa. As outras ficam também em Nova Lima, Barão de Cocais e Itatiaiauçu.
Risco de barragens se romper já retirou quase 1.000 de casa em MG
A mineradora informou que a desocupação ocorre nas zonas de autossalvamento - áreas mais rapidamente atingidas pela lama em caso de ruptura de barragens. Segundo a Vale, a medida dá continuidade ao descomissionamento (desativação e retirada de rejeitos) do reservatório de Nova Lima. Já as barragens de Ouro Preto, acrescenta a Vale, estão inativos e também serão descomissionados. A empresa ainda disse que dá ampla assistência aos moradores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.