Vale terá que indenizar trabalhador que presenciou morte de colegas
Empresa foi condenada a pagar R$ 100 mil ao funcionário terceirizado que estava na mina de Córrego do Feijão no dia do rompimento em Brumadinho
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
A mineradora Vale foi condenada a pagar uma indenização por danos morais de R$ 100 mil a um funcionário terceirizado que viu os colegas morrerem no estouro da barragem da empresa em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Na decisão, a juíza Renata Lopes Vale alegou que, embora o funcionário não tenha ficado ferido, ele “ foi exposto a situação de extremo perigo, com possibilidade de morte iminente e prematura, além de ver destruído o local de trabalho, com a morte de colegas, o que lhe gerou danos morais passíveis de reparação”.
De acordo com o processo, o reservatório rompeu instantes depois de o trabalhador sair do refeitório que foi varrido pela lama de rejeitos. O homem relatou em depoimento que só conseguiu se salvar porque ouviu um colega gritando sobre o colapso da estrutura e correu para uma área mais alta dentro da mina.
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Segundo o TRT3 (Tribunal Regional do Trabalho da Terceira Região), a Vale recorreu da decisão. O pedido de reavaliação da sentença ainda é analisado.
Procurada, a mineradora informou que definiu em um acordo com os sindicados dos trabalhadores terceirizados que a empresa vai fornecer indenizações e assistência psicológica aos operários até janeiro de 2022.
A barragem da mina Córrego do Feijão rompeu às 12h28 do dia 25 de janeiro de 2019. Quase um ano e meio depois da tragédia, 11 vítimas ainda não foram encontradas. As buscas precisaram ser interrompidas devido à pandemia de covid-19, mas segundo os bombeiros, os trabalhos vão ser retomados em meados de junho.
Veja a nota da Vale:
"A Vale esclarece que celebrou acordo, no dia 22 de abril, com seis sindicatos que representam os trabalhadores terceirizados que prestavam serviços nas Minas Córrego do Feijão e Jangada, ambas em Brumadinho, por meio do qual os empregados receberão indenizações financeiras, bem como assistência psicológica e psiquiátrica até janeiro de 2022".