Duvidoso: boatos dizem que dono da Televisa usou Chaves para promover seu próprio hotel
Continental Acapulco foi cenário do único episódio da série fora da vila; não há registro de que o magnata Emilio Azcárraga Milmo tenha sido em algum momento dono do local
MonitoR7|Diego Alejandro, do R7*
A turma do seriado de televisão Chaves saiu de sua vila uma única vez, em 1977. Naquele ano, os personagens foram para o Hotel Continental, em Acapulco, ponto turístico do sul do México.
O bairro e sua rua, o restaurante de Dona Florinda ou a escola do Professor Linguiça, encenados nos estúdios da Televisa, foram trocados por paisagens paradisíacas, praias e piscinas cristalinas, no episódio dividido em três capítulos chamado Férias em Acapulco.
O porquê de o local e o Hotel Continental Acapulco (atualmente chamado de Emporio Acapulco) serem escolhidos para as gravações é motivo de controvérsia.
A teoria mais propagada é a de que o dono da Televisa e magnata mexicano, Emilio Azcárraga Milmo, teria comprado o hotel, e pedido para a equipe do Chaves fazer um episódio lá, para promovê-lo.
Essa informação é reproduzida por vários veículos mexicanos e internacionais e aparece em inúmeros fóruns de fãs da série. Ninguém, porém, traz qualquer documento ou declaração que prove essa ligação do local com o dono da rede de televisão.
Aliás, como todo telefone sem fio, a história foi tão replicada que muitos detalhes foram mudados com o passar do tempo. A data nunca é exata: uns dizem que a gravação ocorreu no início da década de 70, outros escrevem "em meados" do período e outros cravam o ano de 1977.
Algumas versões também tiram Emilio da jogada, e citam que o hotel era propriedade de um "sócio da Televisa".
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Quanto a Emilio Azcárraga, pesquisamos suas biografias e nenhuma menciona o Continental ou qualquer outro hotel entre suas propriedades.
Elas dizem que após a morte de seu pai, Emilio Azcárraga Vidaurreta, em 1972, o herdeiro da Televisa "permitiu integrar-se parcial ou totalmente em outros setores de negócios, principalmente relacionados ao entretenimento", sem qualquer menção a Acapulco.
O hotel
Fato é que o Continental foi o primeiro arranha-céus de uma das avenidas mais famosas de Acapulco, a Costera Miguel Alemán. Sua construção começou em 1953 em uma propriedade então afastada da zona hoteleira do porto, pertencente à empresa La Joya de Acapulco, propriedade de Miguel Alemán Valdés, ex-presidente mexicano.
Escreveu-se na época que a construção seria a de um shopping center operado pela empresa Salinas y Rocha. Após vários anos parada, a obra foi retomada no início dos anos 1960 depois que a rede internacional Hilton entrou em negociações com o ex-presidente para montar um hotel neste prédio. O estabelecimento foi aberto em 1962, com 200 quartos e oito suítes, uma delas presidencial.
Alguns anos mais tarde foi construída uma nova torre para alargar a sua oferta a um total de 288 quartos. Mais tarde, quando Hilton deixou Acapulco, o hotel foi operado pela Canadian Pacific Hotels e mais tarde pela Hyatt. Hoje a conhecemos como Emporio Acapulco.
Tudo isso é comprovado pelo livro Origen y evolución del Turismo en Acapulco, de Francisco R. Escudero.
Além de Chaves, outros filmes foram filmados no edifício. Entre eles, Capulina: Buenos Dias Acapulco e Diversão em Acapulco, que tem Elvis Presley como estrela, apesar de o astro do rock nunca ter estado de fato na cidade.
Tanto o atual Emporio Acapulco quanto a Televisa não responderam nossas tentativas de contato.
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*Estagiário do R7, com edição de Marcos Rogério Lópes.