Falso: soldados norte-coreanos não irão ajudar a Rússia na guerra
Informação foi veiculada inicialmente em canal de televisão russo; apesar disso, Putin e Kim Jong-un mantêm boas relações diplomáticas
MonitoR7|Gabriel Herbelha*, do R7
Mensagens em grupos de Telegram e no Twitter que noticiaram que 100 mil soldados voluntários norte-coreanos estariam se preparando para viajar até a Ucrânia para se juntar ao Exército russo na ocupação do país viralizaram nesta semana.
A mensagem, que mostra um resumo da notícia, é acompanhada por um link de uma reportagem em inglês, em que supostos detalhes da ação militar são revelados.
A fonte inicial da informação veio de Igor Korotchenko, que faz comentários sobre política no Chanel One Russia, rede de televisão controlada pelo governo russo.
Korotchenko revelou ainda que, além dos soldados, a Rússia convidou norte-coreanos para ajudarem na reconstrução de áreas ocupadas no Donbass (leste da Ucrânia) que ficaram destruídas devido à violência dos ataques. Segundo o jornalista, esses trabalhadores estariam “motivados” com a oportunidade.
No entanto, o próprio governo russo nega a informação de que vai receber soldados norte-coreanos. Em uma entrevista coletiva realizada no dia 11 de agosto em Moscou, o vice-diretor do Departamento de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores, Ivan Nechayev, classificou esse rumor como falso “do início ao fim”.
“A esse respeito, gostaríamos de afirmar que esses relatórios são falsos do início ao fim. Não estão em curso tais negociações e não há planos para enviar voluntários norte-coreanos para as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk”, disse Nechayev que, sem citar nomes, afirmou que a notícia partiu de "pseudoespecialistas".
Até o momento, nenhum órgão oficial norte-coreano se pronunciou sobre a questão.
Em relação aos trabalhadores vindos da Coreia do Norte para atuar na reconstrução de áreas tomadas pela Rússia, há planos para que isso ocorra, de fato.
O embaixador russo no país, Alexander Matsegora, declarou em julho, em entrevista a um jornal russo, que "existem perspectivas de cooperação entre a Coreia do Norte e a república do Donbass”, pela qual construtores coreanos ajudariam na restauração das cidades.
Essa cooperação entre as nações seria um desafio à comunidade internacional, já que desde 2019 uma sanção da ONU (Organização das Nações Unidas) proíbe que norte-coreanos trabalhem no exterior.
Países têm boa relação diplomática
Apesar de negar a veracidade da notícia, é notório que o governo de Vladimir Putin recebeu apoio da ditadura norte-coreana desde o início da guerra.
Quando a Rússia reconheceu a independência de Donetsk e Lugansk, dias antes de iniciar a “operação militar especial” na Ucrânia, a Coréia do Norte e a Síria foram as únicas nações do mundo a reconhecer a legitimidade da ação.
Dias atrás, na comemoração da “Libertação Nacional da Coreia", que relembra a independência do país em relação à colônia japonesa, os líderes Kim Jong-Un e Vladimir Putin trocaram cartas públicas, elogiando a relação bilateral entre os países.
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*Estagiário do R7, com edição de Pablo Marques