A promessa escondida nos slogans: felicidade ou publicidade?

Não adianta. Virou dezembro, Simone começa a cantar na minha cabeça “… então é Natal…” e os comerciais de Papai Noel passam a brotar do chão como se fossem uma plantação de bons velhinhos.

E aí, vem o comercial de Coca-Cola e o mundo volta a fazer sentido.

Mas esse ainda não é um texto sobre o Natal e seus comerciais maravilhosos. Aguarde! Hoje, vamos falar desses slogans incríveis que não dizem nada e dizem tudo, ao mesmo tempo. Afinal, o que significa “A magia acontece” de Coca?

Primeiro, vamos entender um pouco o que é slogan. Teoricamente, ele é o maior resumo que você pode ter de um posicionamento de qualquer marca.

É o que a empresa lhe promete, por comprar o seu produto. Se for bem construído, vira único. Se errarem na mão, você lê e não entende o que se passou na cabeça do criativo que inventou aquela maluquice.

Vamos começar por Coca. Como assim, um simples refrigerante vai fazer a magia acontecer? No aniversário do seu filho, dá para dispensar o mágico, que cartas de baralho e pombas vão começar a aparecer no ar se você servir o refrigerante? Lógico que você não pensou nisso, mas imagine falar isso para um indígena que não conhece Coca: “Olha… quando a gente abre essa garrafa, a magia acontece…”

Para uma marca que começou assinando “A pausa que refresca”, o atual slogan é um salto enorme. A primeira assinatura era bem descritiva do seu benefício funcional. Ou seja, oca refrescava quem bebia.

O tempo passou, o refri virou parte das nossas infâncias, adolescências e adultices, e as palavras que assinam os comerciais começaram a ganhar um sentido emocional.

Tomar uma Coca é um momento mágico, pois está sempre ligado a ocasiões felizes: um almoço de família, uma festa, um sanduíche com amigos…

O amor… ah! O amor…

Falar em sanduíche, que raios significa “Amo muito tudo isso” do McDonald’s? Essa é uma empresa que já usou “É um bom momento para o delicioso sabor do McDonald’s”, bem lá no comecinho. Nem parece a mesma…

Aqui, de novo, a evolução de uma explicação racional para um mundo de sensações. Não por acaso, essas duas marcas têm histórias paralelas. Coca e Méqui evoluíram de produtos para símbolos de um estilo de vida.

Então, fica fácil de entender o que significa amar tudo isso. Você até perdoa o sanduba que chega frio e detonado, quando pede pelo aplicativo e chega na traseira de um motoboy.

Como dizem, o amor é cego. Na dúvida, sempre é melhor comer no restaurante.

Felicidade aos montes - E se for para ir para algum lugar, que seja para o Magazine Luiza. Só assim pra entender o seu “Vem ser Feliz”. Aliás, felicidade nasce em todos os lugares, como coco. Quer ver? Qual é o slogan do supermercado Pão de Açucar? Acertou! “Lugar de gente feliz”. Juro que, quando estou triste, fico na dúvida para onde ir.

Felicidade aqui é um estado de espírito ligado ao prazer de fazer compras. Só que veja a diferença sutil entre as frases. Magalu lhe chama para uma transformação. Mesmo que você for uma pessoa triste, é só ir numa de suas lojas que a mudança de humor acontece. Já no Pão de Açúcar, só entra quem já é feliz.

Em comum, todos esses slogans prometem coisas intangíveis, aquelas que você não consegue pegar nem medir. Magia, amor, felicidade. Só mesmo quem já construiu uma relação sólida consegue dar esse salto, do racional para o emocional.

Por isso que digo. Vou ser feliz, nesse lugar que amo muito, lá onde a magia acontece. Só preciso, antes, preparar meu bolso…

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