Como a crise econômica mudou o mercado e fez a venda de carros usados no Brasil disparar
Automóveis novos são deixados de lado por conta do cenário econômico brasileiro
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Caros leitores, digníssimas leitoras: estamos finalizando o último trimestre do ano e já começamos a desenhar os nossos melhores do ano! Neste cenário, um que já podemos afirmar que foi o grande destaque é o mercado de carros usados.
Se no setor automotivo o “primo rico” (carros novos) está andando de lado há uns bons anos, a venda do carro usado bate recorde atrás de recorde!
Enquanto neste ano o mercado de carros novos (com todas as benesses possíveis) conseguiu emplacar 1,8 milhão de unidades (alta de 3% sobre o mesmo período do ano passado), as vendas de carros usados chagaram à marca de 9,6 milhões de unidades, uma alta de 13% sobre o mesmo período do ano passado.
Para vocês entenderem o tamanho do mercado de carros usados, enquanto a pomposa indústria automotiva precisou de 9 meses para vender 1,8 milhão de unidades, o mercado de usados chegou na mesma marca em 51 dias.
Outro ponto positivo que mostra que este será um dos grandes destaques deste ano é que na média ele transaciona mais de 1 milhão de unidades por mês.
Ou seja, em 2 meses e meio ele venderá a mesma quantidade de carros novos que serão vendidos neste ano.
A razão entre carros usados e novos está em 5,3. Isso que dizer que: a cada 10 carros novos vendidos, ocorre a comercialização de 53 carros usados.
Sente a evolução do setor:

Mas qual o motivo para o crescimento do mercado desta forma? Existem vários motivos... mas iremos nos debruçar sobre um deles.
O grande ponto aqui, quando olhamos com mais cuidado o gráfico acima, percebemos que foi a partir de 2014 que a porca torceu o rabo!
As vendas de carros novos versus a de carros usados seguia uma trajetória “normal” até 2013. O conceito (em mercados normais) é uma razão de 2,5 usados para cada carro novo.
A indústria estava bombando, o pessoal das montadoras investindo vários bilhões de dólares e estávamos chegando na marca utópica de que o país teria capacidade fabril para quase 6 milhões de unidades!
Mas, assim como Shakespeare, tudo não passava de um “sonho de uma noite de verão”!
Quando 2015 chegou junto com a pior crise econômica da história do país, o estrago foi feito! Como já falamos outra vez aqui, o período de 2011 até 2020 foi (mais uma) década perdida.
Para vocês entenderem melhor, devemos lembrar que a crise econômica brasileira dos anos de 2015 e 2016 foi marcada por uma forte recessão, considerada uma das piores da história do país. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu significativamente nesses dois anos (por volta de 7%), impulsionado por fatores como queda nos preços das commodities, instabilidade política, aumento da inflação e desemprego em larga escala. A crise também foi agravada por escândalos de corrupção e pela instabilidade do governo, culminando no processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Os impactos sociais e econômicos da crise foram profundos. O desemprego atingiu níveis recordes, afetando milhões de brasileiros, e a renda das famílias caiu consideravelmente. Pequenas e médias empresas enfrentaram dificuldades para se manter, enquanto o consumo interno retraiu de forma acentuada. Além disso, o país sofreu com cortes em investimentos públicos essenciais, principalmente nas áreas de saúde, educação e infraestrutura.
E esse “trauma” da crise de 2015 e 2016 ainda são sentidos. Apesar de alguma recuperação econômica, o mercado de trabalho segue fragilizado, com alta informalidade e salários baixos. A desconfiança de investidores e da população quanto à estabilidade política e econômica do Brasil também permanece, dificultando o crescimento sustentável. Por fim, muitos problemas sociais agravados naquele período, como o aumento da desigualdade, continuam como desafios centrais para o desenvolvimento do país.
Neste mesmo período, o setor vivenciou uma série de mudanças drásticas. Houve a alteração dos motores com maior eficiência energética (através de normativo); itens de segurança obrigatórios; novos componentes desejados pelos consumidores (como multimídia).
E, ainda neste mesmo período, devido ao desastre econômico, houve o empobrecimento do brasileiro e o sonho da compra do carro zero quilometro ficou cada vez mais distante.
Mas o consumidor brasileiro é resiliente! O sonho dele continuou aceso e, ao invés do carro novo zero quilômetro, passou a consumir o carro usado.
O governo federal neste ano lançou um programa bem mequetrefe de incentivo (mais um) à indústria automotiva para a venda do carro “popular”.
O que esqueceram de avisá-lo é que o carro popular, ou o carro de entrada do consumidor brasileiro, passou a ser o carro usado! O carro novo virou utópico... apenas para uma camada da sociedade bem lá no topo da pirâmide.
Hoje, no Brasil, o preço médio de um carro novo oscila entre R$ 150 a 160 mil. Já um veículo usado, segundo a Autoavaliar, está na casa de R$ 83 mil, praticamente a metade do valor de um veículo novo.
E quem consegue ler as entrelinhas do mercado, sempre se dá bem! Um exemplo que sempre louvamos é o ganho que as locadoras de veículos registraram: passaram a ser os maiores revendedores de carros usados; já que compram os veículos novos com excelentes descontos, e depois de um ano revendem a preço de mercado.
Veja o caso da Localiza. O preço médio de suas ações entre 2010 até 2015, praticamente andava de lado. Há 10 anos, sua ação era cotada por volta de R$ 7,69; hoje está na casa de R$ 37. Uma alta de 380%, fora o pagamento de dividendos e JSCP.
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