Redução de imposto do carro popular tem estilo Robin Hood e atinge só 22% dos veículos
Benefício dado pelo Governo Federal deve atingir parcela pequena dos carros vendidos

Caros leitores, digníssimas leitoras: eis que o Governo Federal decidiu reutilizar uma medida que é implementada ao longo dos últimos 25 anos, sempre em momentos “complicados” (seja na economia e/ou na política).
A medida desta quinta-feira (10) reduziu a alíquota de IPI dos carros produzidos em solo tupiniquim, para “ajudar” a indústria automotiva.
Antes de eu discorrer sobre o tema, o estagiário aqui é um ferrenho defensor da desoneração tributária em toda e qualquer atividade econômica. Afinal de contas, se imposto fosse bom, ele não se chamaria IMPOSTO e sim FACULTATIVO.
Enfim...
Vamos lá... qual foi a “Jenialidade” que veio lá do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços)?
No último quarto de século, quando os mais diversos governos praticaram redução de imposto (no tocante, o IPI), era uma coisa “simples”, algo do tipo: ao invés de você pagar 10% de IPI, agora é 7%. Fácil de entender e de colocar em prática – mas, e agora?
Virou quase “rocket science”, de tão complexo que ficou.
Para os veículos terem alguma redução tributária, ele tem que ter 4 parâmetros, sendo eles:
- Baixa emissão poluentes;
- Reciclabilidade;
- Ser um carro compacto;
- Eficiência energética.
Além de ser fabricado em terras tupiniquins.
Só no item 2 (Reciclabilidade) o estagiário sofreu para tentar decifrar (entender) todo o decreto 12.435. E, aqui, vou tentar quantificar para vocês onde teremos o impacto positivo/negativo.
Vou começar por aqueles que passarão a pagar mais imposto.
Até o começo deste mês (julho/25) tivemos a venda de 1,19 milhão de veículos; sendo que 268 mil veículos são a diesel, gasolina, híbrido a gasolina/diesel, entre outros que terão o imposto majorados.
Outra imposição é de que todos os veículos sejam de fabricação nacional. Então, precisamos excluir mais 87 mil carros.
E não será todo tipo de veículo que terá direito. Picapes médias e/ou grandes; furgões (como o Highlander Fiat/Fiorino) e sedan médios e/ou grandes; entre outros tipos de carrocerias também estão fora! Então, temos que excluir mais 127 mil veículos.
Fora isso, aqueles veículos que excedem a potência mínima estabelecida também estão fora... E estamos falando de mais 356 mil carros.
Então, qual é a quantidade de veículos “dentro do padrão” estabelecido pelo MDIC? Dos mais de 1,19 milhão de carros vendidos neste ano, pouco mais de 352 mil atingiriam as metas mínimas (29,6% do total) definidas pelo MDIC.
Os outros 70% teriam algum tipo de majoração de impostos.
Por exemplo: sabe aquele pessoal do agronegócio que compra uma picape grande a diesel para ficar rodando entre o campo e a cidade, transportando carga? Aumento de imposto no veículo dele!
Mas se você, caro leitor, tiver (assim como eu) aquela visão “Poliana” de ser, onde: “pelo menos 30% dos consumidores terão algum tipo de redução da carga tributária (mesmo sendo às custas dos demais)”, sinto lhe dizer que: NÃO SERÁ BEM ASSIM...
Os 352 mil carros vendidos neste ano atingiriam os critérios mínimos. Isso significa que uma parte não pagaria impostos a mais e outra parte teria alguma redução tributária.
Número final? Dos 1,19 milhão de carros vendidos neste ano, estimamos que apenas 260 mil (22% do total inicial) teria alguma redução tributária.
Ou seja, é como dissemos no título deste texto. É um imposto “Robin Hood”. Está tirando dos mais ricos, dando para os mais pobres e, como bônus, o governo ainda terá aumentado a sua arrecadação.
É praticamente uma “desoneração onerosa”. Na visão deste reles estagiário, não precisa onerar um para desonerar outro, mas sim ser mais assertivo com a política de mercado.
Pontos positivos?
O governo vai dar uma travada na entrada de carros importados, principalmente os oriundos da China. Marcas como BYD, GWM, JAECOO-OMODA, GAC, CAOA-CHERY deverão ser as mais afetadas. Para incentivar a indústria nacional (eu ainda acho que a concorrência de mercado é o principal instrumento de incentivo).
Os veículos populares ficarão mais baratos? Com certeza! Carros como o Renault Kwid e Fiat Mobi estão sendo anunciados com desconto entre R$ 13 mil a R$ 14 mil.
Esses dois veículos – que terão os maiores descontos – representam 5% das vendas. Foi como falamos acima... Essa medida será positiva para apenas 22% dos compradores de carros. Basicamente, 1 de cada 5 carros vendidos.
A gente tem que levar em consideração SEMPRE, que não existe “almoço de graça”. E, só para jogar um pouco mais de água no chopp do pessoal, quando ocorre uma medida dessas, gera um impacto terrível para o empresariado.
Exemplo: imagine uma locadora de veículos que viu grande parte dos seus ativos serem desvalorizados do dia para noite por volta de 10%? Hoje, até às 11h, as ações da Movida e Localiza chegaram a registrar perdas de 6%.
Ou, então, imagine os lojistas de carros que possuíam em estoque uma quantidade significativa de carros usados e viu parte do seu dinheiro virar pó...
E aí? O que achou? Dúvidas me mande um e-mail aqui. Ou me siga lá no Instagram ou no Linkedin, onde eu sou menos perdido...
