Após denúncias de assédio sexual, presidente da CEF balança no cargo
Aliados e articuladores avaliam extensão do dano de suposto assédio sexual. Afastamento do cargo está sobre a mesa
Christina Lemos|Do R7
A quarta-feira é de avaliação do estrago político provocado pelas denúncias de assédio sexual contra o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, um dos auxiliares mais próximos ao presidente Bolsonaro. A depender da repercussão do caso sobre a campanha do presidente e das iniciativas da oposição, o afastamento “voluntário” do executivo é esperado — embora desagrade ao titular do Planalto.
“Do paraíso ao inferno em poucas horas” — foi como um interlocutor próximo a Guimarães resumiu na madrugada desta quarta a situação do executivo, depois que se tornou pública investigação em andamento há semanas sobre suposto assédio sexual a servidoras da CEF, que prestaram depoimento a procuradores do DF. As queixas de cinco servidoras relatam comportamento verbal abusivo, toques íntimos não autorizados e insinuação sexual.
Guimarães esteve por uma hora com o presidente na noite desta terça, e deixou o Palácio do Alvorada por volta das 19h40, aparentando desolação. O blog apurou que Bolsonaro está ciente da gravidade do caso, mas reluta em aceitar o afastamento imediato do amigo pessoal e presidente da CEF, que teria colocado o cargo à disposição, mesmo tendo alegado inocência de forma indignada e emocionada.
Entre aliados do presidente, o caso é visto como potencialmente desastroso para a campanha e afeta Bolsonaro num momento delicado, que registra preocupante estagnação no seu desempenho eleitoral. A avaliação é de que o caso do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, alvo de um pedido de CPI, teria abalado um pilar, o do governo sem corrupção. E, agora, os rumores que envolvem Pedro Guimarães arriscariam outro: o da moral e bons costumes.
A depender do impacto das denúncias, que alcançam uma das principais fragilidades de Bolsonaro, a rejeição do eleitorado feminino, a expectativa é de que o presidente da Caixa tome a iniciativa de renúncia do cargo, sob a alegação de que se afasta para se defender. No núcleo mais próximo ao dirigente bancário, a avaliação é de que as declarações prestadas pelas testemunhas são “inconsistentes” e “superficiais”. “Um amontoado de nada” — resume um dos auxiliares, em reserva. No entanto, o caráter moral do episódio e a proximidade entre Guimarães e Bolsonaro podem deixar o executivo sem alternativa a não ser o afastamento.
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