Bilionário conquista vaga da União e amplia influência na Petrobras
Juca Abdalla foi eleito conselheiro e ainda controla uma segunda vaga no órgão encarregado da administração
Christina Lemos|Do R7
Conforme o blog antecipou na segunda-feira (11), foi dura a batalha entre acionistas minoritários e a União, que detém o controle acionário da Petrobras, na reunião que promoveu uma renovação recorde no conselho de administração da empresa. O embate resultou em derrota importante para a União, que não conseguiu eleger dois de seus indicados e perdeu uma segunda vaga para os minoritários.
Liderando o movimentos dos acionistas privados, está o bilionário Juca Abdalla, dono do Banco Clássico — criado apenas para gerir seu próprio patrimônio, a 34ª fortuna do país. O próprio Abdalla se elegeu, pela primeira vez, conselheiro. E ainda controla uma segunda vaga, a de Marcelo Gasparino da Silva, também indicado pelo investidor privado.
Na nova configuração do conselho, das 11 vagas, a União mantém 6, tendo perdido 2 para os minoritários — uma delas, nesta última assembleia. A questão é relevante porque restringe o poder político sobre a estatal e mantém a posição dos investidores privados em situação de monitoramento de iniciativas que possam afetar a saúde financeira da empresa. O movimento vem desde 2016, quando houve represamento de repasse do preço dos combustíveis, por determinação do Planalto, no governo Dilma Rousseff.
No encontro, a União, no entanto, por meio do Ministério de Minas e Energia, na prática afastou medidas que previam o controle mais rígido da gestão da empresa, com diminuição de ingerências políticas, incluindo mudanças no estatuto para atribuir uma certa “blindagem” administrativa à estatal. Entre elas, a proposta de adotar quórum qualificado para a escolha e afastamento do diretor de governança da companhia.
O MME, que tem a atribuição de supervisor da Petrobras, retirou o item de pauta, alegando que não avaliou previamente e de forma satisfatória o tema.
Nas últimas semanas, ganhou visibilidade o debate que envolve a possibilidade de privatização da petroleira brasileira — tese defendida pelo próprio presidente Bolsonaro, a partir da crise política gerada pela aceleração dos preços dos combustíveis e seu impacto sobre a inflação.
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