Brics x Trump: ameaça tarifária acelera polarização global
Americano vê adversários sentados à mesa do Brics e reage com tarifas de até 100%

A reunião dos Brics sob a presidência do Brasil, no Rio de Janeiro, caminha para alcançar um resultado inesperado, como efeito colateral das posições antiamericanas já manifestas pelos países do bloco: a aceleração do fim do mundo multipolar. O método de organização das relações internacionais que preconizava o respeito e a consideração das assimetrias entre os países parece sucumbir, enquanto avançam posições antagônicas que indicam o aprofundamento da polarização política.
O quadro se cristaliza no último dia da reunião, ante a renovação da ameaça de Trump: a taxação em 10% das nações que se alinharem às diretrizes do Brics e de 100% aos que ousarem propor moeda alternativa ao dólar como balizador dos parâmetros para trocas comerciais.
Na prática, Trump estabelece um veto ao Brics e sua pauta antiamericana, que condena a retomada do aperto tarifário em detrimento do livre comércio, que estabelece protagonismo para a agenda climática, que insiste no discurso de concertação do sul-global. E principalmente que reúne e dá voz a inimigos declarados dos americanos, como Irã, agora membro permanente, e Cuba, com status de país parceiro.
Washington, sob Trump, também tem razões para receber com desconfiança o bloco onde a China exerce protagonismo e pavimenta rotas alternativas para reforço de suas alianças políticas e comerciais.
O discurso dos emergentes reunidos no Rio aos quais Lula vincula o Brasil patina em um ponto crucial: não existe cláusula democrática que obrigue o respeito ao direito do cidadão, como a que levou às restrições contra à Venezuela no Mercosul. Na ampliação dos assentos à mesa do Brics que permite agregar países com regimes não-democráticos pode estar sua força, num improvável cenário de nova ordem mundial, mas já expõe, a preço de hoje e de forma patente, sua fragilidade política.
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