Com Biden e sem Xi e Putin, Lula encara racha inédito no G20
Brasileiro assume pela primeira vez presidência do bloco. Expectativa de bilateral entre Lula e Biden
Christina Lemos|Do R7
Sob um cenário global mais conturbado e cada vez menos multipolar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca em Nova Délhi, na Índia, para o encontro do G20, que acontece neste fim de semana, e enfrentará uma inédita coleção de saias justas diplomáticas. Duas importantes ausências marcarão a passagem da presidência pro tempore ao Brasil, que assume o posto pela primeira vez: a do líder chinês Xi Jinping e a de Vladimir Putin, da Rússia.
O americano Joe Biden é presença confirmada e concentrará as atenções na 18ª Cúpula de Nova Délhi. A partir de sábado, o democrata pretende conduzir o foco das conversas para seus temas de interesse central: o impacto social da guerra na Ucrânia, a transição para a energia limpa, a luta contra as mudanças climáticas e o incremento na capacidade dos bancos multilaterais de enfrentar a pobreza mundial.
A pauta de Biden tem temas em comum com a própria agenda do G20, mas a abordagem é que sinalizará a diferença de posições dos líderes e suas nações. Mais uma vez, a comunidade internacional estará atenta às posturas do governo brasileiro, tidas como ambíguas, principalmente quanto à condenação de Putin pela iniciativa de invasão da Ucrânia.
Lula, que visita os Estados Unidos ainda neste mês, para participar do G77 da Assembleia-Geral da ONU, pode manter encontro bilateral com Biden — reunião ainda não confirmada pela diplomacia brasileira.
Em Nova Délhi, a delegação chinesa será liderada pelo premiê Li Qiang, numa chocante ausência de Xi Jinping, que desde 2012 participou de todos os encontros do bloco, considerado o mais importante das relações internacionais. Na última reunião do G20, no ano passado, em Bali (Indonésia), o chinês ressaltou que era tarefa precípua de um estadista “relacionar-se bem com outros países” — o que foi lido como um recado direto a Biden.
A guinada na diplomacia chinesa, com a ausência de Xi Jinping, também é vista como um recado à Índia, com quem a China mantém disputa territorial há décadas. E sugere o reforço de aproximação com a Rússia, de Putin, cuja presença está inviabilizada, em função da oposição de um grande número de países ao conflito no Leste Europeu.
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