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Discurso de Renan pode custar a cabeça de líder do governo Jaques Wagner

Senador alagoano relatou da tribuna acordo costurado pelo auxiliar de Lula para aprovar dosimetria

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Renan Calheiros revelou na tribuna que Jaques Wagner fez um acordo para aprovar a redução de penas para golpistas, o que enfureceu o presidente Lula.
  • O acordo permitiu a votação de uma medida que favoreceu a arrecadação do governo, mas contrariou as diretrizes da administração.
  • Lula anunciou que vetará o texto aprovado, considerando a conduta de Wagner um "erro lamentável".
  • O incidente pode resultar na saída de Wagner do cargo de líder do governo no Senado em 2026, prejudicando a comunicação com o Planalto.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Renan Calheiros denuncia em plenário acordo articulado por Jaques Wagner que reduz pela metade o tempo de prisão de Bolsonaro Lula Marques/Agência Brasil

A revelação de que o líder do governo no senado promoveu o acordo que levou à aprovação da redução de penas para golpistas enfureceu o presidente Lula, que cobrou imediatamente a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

O relato indignado foi feito da tribuna pelo aliado do Planalto, Renan Calheiros (MDB/AL), dando conta de que, para desinterditar a pauta de votações econômicas, e considerando que o governo não tinha votos para barrar a medida, Jaques Wagner havia acertado com colegas a aprovação em plenário ainda nesta quarta do texto que, na prática, abate pela metade o tempo de prisão de Bolsonaro.


O emedebista conta que Wagner o chamou na sala ao lado da CCJ, para uma conversa reservada. Lá chegando, até solicitou para a funcionária da limpeza se retirar. “Eu imaginava que havia acontecido algo pessoal que ele iria me confidenciar”, declarou Renan.

Em seguida, o líder do governo comunicou o colega do acerto político. “Falou que havia um acordo para votar a dosimetria e, em contrapartida, o senado votaria o fim das isenções.”


O projeto que garante mais de R$ 22 bilhões aos cofres públicos de fato foi posto em votação e aprovado imediatamente após a aprovação do novo texto da dosimetria.

Surpreso, Renan relata que alertou o líder do governo de que o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD/BA), já havia acertado abrir vista de 5 dias para a dosimetria, o que levaria a discussão e votação do tema para o ano seguinte. “Otto vai conceder vista de 4 horas”, teria respondido Wagner.


Renan insistiu, alegando que as mudanças propostas ao texto não eram “um acordo de procedimento e sim uma emenda de mérito” — o que obrigaria a devolução da matéria à Câmara.

Tarde demais. Pouco tempo depois o novo texto era aprovado por 17 votos a 7 e levado quase que imediatamente ao plenário, onde terminou aprovado por 48 votos a 25.


Furioso, Renan foi o último a subir à tribuna do Senado para um discurso virulento contra a decisão que seus pares tomariam em seguida e disposto a implodir as pontes com o governista, ao relatar ao microfone o teor da conversa reservada com Jaques Wagner. “O líder do governo deu de presente de Natal um peru aos golpistas”, declarou. “Vi hoje uma farsa ser proposta em nome de um projeto que vai facilitar a arrecadação de alguns bilhões ao governo.”

Minutos depois, a ministra Gleisi Hoffmann veio a público para anunciar que Lula vetaria o texto e para condenar a iniciativa de Jaques Wagner. “A condução desse tema pela liderança do governo no Senado na CCJ foi um erro lamentável, contrariando a orientação do governo que desde o início foi contrária à proposta”, postou. “Condenados por atentar contra a democracia têm de pagar por seus crimes”, reforçou Gleisi.

O episódio deve selar a saída de Jaques Wagner do posto de líder do governo no senado a partir de 2026. O Planalto avalia que o senador baiano perdeu as condições de diálogo com o presidente Davi Alcolumbre, após atrito em outubro envolvendo a nomeação de Jorge Messias para o STF.

E que o incidente de hoje retira do governo o precioso discurso de defesa da democracia em nome de um acordo que não havia sido submetido previamente ao Planalto.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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