Doria: “Vou enfrentar a reação. Não há escolha”
Governador de SP deve anunciar medidas mais restritivas em toda a pandemia. 'Temos só mais dez dias de UTI se não fizermos nada'
Christina Lemos|Do R7
Em conversa com o blog esta manhã, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, o governador de São Paulo, João Doria, declarou que não tem alternativa a não ser agravar as restrições de atividades pelas próximas duas semanas, apesar do eventual impacto social e da reação dos setores produtivos.
“Vou enfrentar a reação com serenidade e firmeza como venho enfrentando nos últimos 15 meses”, afirma.
Com duras críticas ao que considera “falta de gestão federal” da pandemia, Doria insiste que a estratégia mais importante neste momento de avanço do contágio ainda é o freio na internação e o reforço na vacinação.
Amanhã, vai pessoalmente a Guarulhos receber novo lote de insumos para a fabricação de mais 8 milhões de doses da CoronaVac. “Até o final de abril, início de maio, teremos terminado de vacinar a população de risco, até 60 anos”, projeta.
Poucas horas antes do anúncio da retomada da “fase vermelha” no estado, a dúvida que divide a equipe de Doria ainda é a questão da suspensão das aulas. Cerca de 9 em cada dez estudantes de São Paulo estão na rede pública.
O tema opõe a Secretaria de Educação à equipe do centro de contingência, instituído por Doria. Não é improvável que o governador opte por uma solução intermediária: permitir o acesso à escola para alunos menos favorecidos, como os que vêm de famílias beneficiárias do Bolsa Família.
Doria voltou a sustentar que não tomará medidas que não sejam baseadas em parâmetros técnicos. “Eu não tomo decisões. Sigo orientações. Sempre amparado na ciência”, declara.
Sobre a relação com o governo federal e com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o governador classifica como “institucional, mantida por meus secretários”. Entre as críticas do tucano, está a falta de capacidade de gestão da pandemia. “O Ministério da Saúde tem de estar ao lado da proteção das pessoas. Tem de comprar vacinas de todos os laboratórios. Não cabe queda de braço empresarial, nem eleitoral neste momento”, afirma.
Sobre responsabilizar a população pelo avanço da pandemia nas últimas semanas, o governador condena os que “promovem aglomerações”, e inclui o presidente Bolsonaro em suas críticas. “Não fosse a postura negacionista dele, seguida por seu ministro, nós teríamos vacinas desde novembro de 2020, quando o ministério rompeu o acordo feito na véspera para a aquisição da coronavac”, diz.
Pelos cálculos do governo paulista, o Instituto Butantan chegará à produção de 100 milhões de doses da vacina desenvolvida pela chinesa Sinovac até agosto. Atualmente, cerca de 78% dos vacinados no Brasil receberam a CoronaVac.
O instituto deve divulgar, nos próximos dias, estudo sobre a eficácia da vacina diante da nova cepa do coronavírus, cuja a virulência é estimada como 3 vezes maior que a atual, com índice de contágio de 1 para 9 indivíduos.
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