Escalada do preço do petróleo é a principal ameaça ao Brasil
Impacto imediato será sobre a inflação, já em alta. Importações de trigo e fertilizantes não devem ser afetadas por enquanto
Christina Lemos|Do R7
As primeiras análises sobre as consequências para o Brasil do conflito entre Rússia e Ucrânia apontam para impacto econômico praticamente imediato. Especialistas ouvidos pelo blog alertam para o reflexo direto sobre a inflação brasileira da alta do petróleo, que escala para valores acima dos US$ 100. A política de preços da Petrobras prevê o repasse das oscilações internacionais de preços direto às bombas de combustível. Nesta quinta (24), a empresa registrou lucro recorde de R$ 106 bilhões em 2021.
O efeito cascata da alta dos combustíveis sobre a economia brasileira preocupa integrantes da equipe econômica e deve acelerar o ritmo de alta da Selic — a taxa básica de juros controlada pelo Copom, o Comitê de Política Econômica, com reflexos sobre outros indicadores. A expectativa é que o mercado volte a rever suas projeções para a alta da Selic, que estavam em 12,25% para o ano. Atualmente a taxa está em 10,75%.
A prévia do IPCA, divulgada ontem pelo IBGE, indica alta da inflação, após três meses consecutivos de queda do índice de preços ao consumidor amplo (0,99% em fevereiro, ante 0,58% em janeiro).
Para o momento, não são esperados riscos no abastecimento de itens russos importados pelo Brasil, como fertilizantes e trigo. O contexto de guerra, no entanto, sinaliza o eventual encarecimento desses produtos, devido à instabilidade política na região. De maneira geral, a situação também pressiona, em escala global, os preços dos grãos e do gás natural.
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