EUA merecem prioridade — é recado de industriais a Lula em NY
Estoque de investimentos americanos passa de R$ 152 bilhões. CNI e Fiesp reúnem Haddad e cúpula econômica na Bolsa de Nova York
Christina Lemos|Do R7
O primeiro evento a reunir autoridades brasileiras em Nova York na manhã desta segunda-feira antecede a todos os compromissos oficiais do presidente Lula nos Estados Unidos e embute um recado claro ao governo do petista: para o setores produtivo e financeiro do país, as relações com os EUA devem ser encaradas com prioridade estratégica, pelo “importante impacto na economia brasileira”.
A mensagem está sendo dada durante evento na Bolsa de Valores de Nova York por representantes da CNI e da Fiesp ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a outros integrantes do ministério e à cúpula da gestão econômica do governo Lula.
“Embora a China e a União Europeia sejam os principais destinos das exportações brasileiras em termos de valor, o impacto econômico das exportações do Brasil para os Estados Unidos é proporcionalmente mais significativo”, diz documento divulgado pela CNI.
Os industriais também detalham números do impacto da relação comercial com os americanos. “Em 2022, cada R$ 1 bilhão exportado pelo Brasil para o país contribuiu para a criação de 24,9 mil empregos, R$ 545 milhões em massa salarial e R$ 3,6 bilhões em produção por bilhão exportado”.
A preocupação desses setores advém das sinalizações dadas pela política externa brasileira e por movimentos do próprio presidente Lula que denotariam certo distanciamento dos Estados Unidos em favor de maior aproximação da China e, principalmente, na esfera política, da Rússia.
Participam do encontro, além de Haddad, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o das Cidades, Jader Filho, a de Meio Ambiente, Marina Silva.
Mas também estão chamados para o debate com os industriais e representantes dos setores financeiro e produtivo, executores da política de comércio exterior, como Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil — interlocutor direto do Executivo com os exportadores — os mais preocupados com o tema.
“Das vendas externas para o país, em 2022, 78,9% são concentradas em bens da indústria de transformação”, lembram representantes do setor. “O maior impacto das exportações brasileiras para os EUA é motivado pela alta participação de bens da indústria de transformação na pauta exportadora bilateral” — explicam, em documento que antecedeu o encontro.
O estoque de investimentos dos EUA no Brasil em 2021 representou 23,1% do total — o que fez do país o principal investidor no mercado nacional, com um total de R$ 152,5 bilhões naquele ano.
Lula está em Nova York para participar da Assembléia Geral da ONU, onde fará o discurso de abertura nesta terça-feira, seguindo a tradição das reuniões do organismo. Este será o oitavo discurso de Lula como presidente do Brasil na ONU, agora em seu terceiro mandato à frente do Executivo Federal. O brasileiro deve defender uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, com a adesão de países emergentes, entre outros temas.
Veja programa do evento que acontece neste momento na Bolsa de Valores de Nova York:
Painel 1: Transformação Ecológica e Energética: O Brasil e o Mundo
Convidados: Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima; Ilan Goldfajn, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Painel 2: Ambiente de negócios
Convidados: Ricardo Lewandowski, presidente do Conselho de Assuntos Jurídicos da CNI; Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU); Jorge Viana, presidente da Apex-Brasil.
Painel 3: Planejamento, financiamento e infraestrutura
Convidados: Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia; Jader Filho, ministro das Cidades; Luciana Costa, diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática do BNDES; David Turk, secretário substituto do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE).
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