Fusão de DEM e PSL é negócio milionário, mas terá dissidentes
Futuro “partido gigante” é capaz de alavancar quase meio bilhão de reais, somando-se os fundos partidário e eleitoral. Mas haverá baixas dos dois lados
Christina Lemos|Do R7
Prevista para ser concluída no mês de outubro, a fusão entre os partidos PSL e DEM tem o potencial de turbinar o acesso das duas legendas aos fundos públicos que financiam a atividade política. Considerando o tamanho de ambas hoje, ao todo estima-se em cerca de R$ 458 milhões o montante, somadas as fatias a que cada uma das legendas tem direito nos fundos eleitoral e partidário. Mas são esperadas baixas, com uma provável debandada inicial de descontentes.
O próprio presidente do Democratas, ACM Neto, um dos principais promotores da fusão, admite que haverá desfiliações. “Num primeiro momento, 2 mais 2 serão 3. Mas depois o resultado dessa soma será 5”, declara o ex-prefeito de Salvador. A fusão abre uma “janela” jurídica que permite a troca de partido sem a perda do mandato. Neto sustenta que o projeto principal da nova agremiação é o lançamento de candidatura própria à Presidência e a governos estaduais em 2022, além da formação de bancadas numerosas no Legislativo.
Lideranças políticas importantes se opõem à fusão, como César Maia e Silas Malafaia, que vêm estimulando a debandanda. A insatisfação também é grande em vários diretórios regionais, já que o comando será unificado e atuais caciques políticos perderão seus postos e poder de influência.
Nesta terça, a executiva do PSL se reúne em Brasília para deliberar sobre a fusão e a data para a Convenção Partidária em que a decisão será formalizada. Sem contar com Jair Bolsonaro, cuja eleição promoveu o súbito crescimento da legenda, o partido teme ser pulverizado do cenário político e voltar à condição de legenda nanica. O presidente da República rompeu com o PSL após rumorosa divergência com o presidente da legenda, Luciano Bivar, e permanece sem partido.
Entre as vantagens apontadas com a unificação das legendas, além do acesso aos recursos públicos de financiamento da atividade política, está o aumento do poder de fogo do novo partido, que pretende disputar os eleitores de centro e centro-direita que buscam uma alternativa à reeleição de Bolsonaro. Para isso, um partido numeroso terá grande cacife na escolha da chapa, uma vez que, além dos recursos para bancar a campanha, tem outro capital importantíssimo: tempo na propaganda eleitoral.
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