Hezbollah mantém ameaça de entrar na guerra e fala em mudança história
"Todos os cenários estão abertos", declara Hassan Nasrallah, em discurso recheado de ameaças
Christina Lemos|Do R7
O líder do grupo extremista Hezbollah com base no Líbano, Hassan Nasrallah, em discurso de cerca de duas horas que reuniu milhares de pessoas ao sul da capital, Beirute, manteve a ameaça de entrada de seu exército na guerra contra Israel. “Todos os cenários estão abertos, todas as opções estão postas e podemos adotá-las a qualquer momento”, declarou Nasrallah, que comanda um dos principais braços armados do Eixo da Resistência – conjunto de combatentes que reúne 5 grupos extremistas do Oriente Médio.
O pronunciamento afastou momentaneamente o risco de expansão do conflito entre Israel e Hamas, mas manteve a tensão na região, com alertas de forte reação contra israelenses e aliados em caso de agravamento de ataques a civis em Gaza. “Eu os advirto a não avançarem, já que muitos civis já caíram mortos. Isso vai nos levar à equação: um civil por outro civil” – ameaçou.
Nasrallah admitiu que os ataques que têm sido feitos a Israel a partir das posições do Hezbollah na fronteira sul do Líbano seriam uma estratégia diversionista, para ocupar as forças israelenses, desde 8 de outubro, dia seguinte ao ataque do Hamas a Israel. “Imagine se nós restringíssemos os nossos atos apenas a declarações retóricas! Um terço da tropa de Israel está hoje na fronteira com o Líbano. Eles estariam todos em Gaza, agora” – explicou.
As principais ameaças de Nasrallah foram em defesa do próprio Líbano. “Se vocês pensam em assaltar ou atacar o Líbano, isso será a maior burrice de suas existências!” – declarou, seguido pelo apoio da multidão, que reagiu gritando palavras de ordem. “Eles pensam que os libaneses vão ter medo após verem o que eles estão fazendo em Gaza. Vamos estar muito mais resistentes e combativos.”
Os alertas também foram dirigidos aos Estados Unidos, nação a qual o líder extremista responsabiliza pela guerra que ocorre em Gaza. “Aos Estados Unidos eu digo: dirigir ameaças ao Líbano é inútil. Não nos assusta, nem causa medo. Nós preparamos para eles o que eles merecem”.
Nasrallah também buscou emular a união das nações árabes contra Israel e caracterizar a batalha atual como divisor histórico para o Oriente Médio. “A vitória de Gaza é a vitória da Palestina e dos povos da região, do Egito, da Jordânia, da Síria e principalmente do Líbano”, declarou, sem citar o Irã, considerado financiador do Hezbollah. E lembrou que um dos mecanismos de reação contra Israel pode ser o bloqueio comercial. “Parem de exportar a Israel! Cortem o óleo, o gás, o suprimento de comida!” – exortou.
Para o líder do Hezbollah, o conflito deverá representar uma mudança histórica na região, “um abalo sísmico” – definiu, ao prospectar o possível fim do que classificou de “ocupações ilegais israelenses” na Palestina e no Líbano. E acusou os principais organismos internacionais de “hipocrisia”, por “permitirem o massacre de civis” em Gaza.
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