Industriais aprovam US$ 32 bi em projetos no Brics; Brasil terá 18%
Cúpula recebe pedido de entrada de mais 22 países no bloco. Ampliação pode isolar posição brasileira
Christina Lemos|Do R7
O Conselho Empresarial do Brics (Cebrics), formado por representantes do setor produtivo dos cinco países-membros (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), aprovou a tomada de recursos para investimentos que somam US$ 32 bilhões. Do montante, a fatia do Brasil é a terceira maior, prevista em 18% das operações, atrás apenas da China (27%) e da Índia (23%).
O encontro, que acontece nesta semana na África do Sul, antecede a reunião dos chefes de Estado. O presidente Lula e sua delegação já estão em Joanesburgo para participar da cúpula.
No conselho, composto de cinco grandes empresas de cada um dos países-membros, a comitiva brasileira é representada por dirigentes da Vale, Weg, Banco do Brasil, BRF e Embraer. São ao todo 91 brasileiros no Cebrics, cuja secretaria-executiva para o Brasil é exercida pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Entre os temas prioritários do grupo estão: criação de um fundo para financiar projetos de energia limpa por meio de uma nova instituição, o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento); aumento da conectividade, inclusive em áreas remotas dos Brics; e a cooperação para o desenvolvimento de fertilizantes "inteligentes", considerados "ecoeficientes".
A possibilidade de ampliação do bloco, com o pedido de integração de outras 22 nações, não chegou a ser debatida pelo Cebrics. O tema preocupa especialistas em relações internacionais, uma vez que a ampliação poderia levar ao possível isolamento das posições brasileiras — culminando até com a retirada do país do bloco. A hipótese ocorreria caso a maioria dos eventuais novos participantes do Brics acompanhe de forma automática as posições de China e Rússia em relação a temas como direitos humanos e Ucrânia.
O presidente Vladimir Putin estará representado no encontro por seu chanceler, Serguei Lavrov. Há um pedido de prisão do líder russo expedido pelo Tribunal Penal Internacional, em razão de alegados crimes de guerra na Ucrânia. Como a África do Sul, país-sede da Cúpula, é signatária do Estatuto de Roma, que criou o TPI, autoridades do país seriam forçadas a cumprir a sentença contra Putin. Este é o primeiro encontro presencial dos líderes dos Brics pós-pandemia e no contexto do conflito entre Rússia e Ucrânia.
Veja imagens: presidente Lula chega à África do Sul para reunião do Brics
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