Lula aumenta a pressão sobre BC em semana decisiva para a Selic
Copom decide taxa básica a partir de terça. Mercado vê fim das reduções e tendência de manutenção de 10,25%
O presidente Lula aumentou a pressão sobre o Banco Central e voltou a cobrar publicamente a redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. O movimento antecede a reunião do Copom, que se inicia nesta terça, 18, para avaliar se haverá nova baixa. A avaliação majoritária no mercado é de que o BC deve votar pela manutenção da Selic em 10,25%, interrompendo a sequência de sucessivas reduções, e frustrando os planos do governo.
Além das pressões inflacionárias, o Copom deve avaliar o cenário externo, mas o fator interno preponderante é o aumento das incertezas quanto à capacidade do governo de ajustar as próprias contas. Diante do esgotamento das chances de aumento de receitas, Lula agora declara que discutirá possíveis cortes de gastos e promete reunir a Junta de Execução Orçamentária esta semana para avaliar a questão. O grupo é composto pelos ministros da Fazenda, Casa Civil, Planejamento e Orçamento, e Gestão.
O fim dos cortes na Selic, caso se confirme, é péssima notícia para o governo e coroará uma sequência de insucessos no esforço para acelerar a melhora dos indicadores econômicos. Também tende a agravar os ataques ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, visto por petistas, inclusive integrantes do núcleo duro do governo, como “sabotador” da atual gestão da economia.
Lula, que contesta com veemência a necessidade de manutenção da Selic neste patamar, voltou à carga nas críticas. “Ninguém fala da taxa de juros de 10,25% em um país com inflação de 4%” - reclamou, no sábado. Neste domingo, veio novamente às redes sociais para reforçar dados da “economia real” e destacar a alta de investimentos, apesar dos juros altos.
“Somente nestes 15 meses a indústria automobilística anunciou investimentos de R$ 25 bilhões de dólares, o que não acontecia em 40 anos”, declarou, destacando a geração de 2,2 milhões de empregos formais desde o início de seu terceiro mandato. “A economia real e as condições de vida dos trabalhadores têm avançado e vão seguir avançando”, pontuou.
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