Lula dribla pressão por mulher negra e indica segundo homem para STF
Escolha de Flávio Dino também acirra polarização entre governistas e bolsonaristas no senado e fora dele
Christina Lemos|Do R7
Pela segunda vez consecutiva o presidente Lula ignora a pressão de setores populares, do PT e da sociedade que avalizaram sua eleição, com importante apoio nas urnas, e escolhe um segundo homem para vaga de ministro da mais alta corte judiciária do país. Após indicar seu advogado pessoal, Cristiano Zanin, para uma das 11 cadeiras do STF, o petista repete uma escolha pessoal e de forte teor político ao apresentar o nome de seu ministro da Justiça, Flávio Dino, para a vaga aberta por uma mulher, Rosa Weber, no STF.
O nome de Dino ainda precisará passar por sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e aprovação pelo plenário da Casa, com mínimo de 41 votos.
Lula levou cerca de dois meses para confirmar a indicação, já cogitada por semanas, até que a forte pressão por um nome representativo das mulheres e que contemplasse a primeira negra na cúpula do Judiciário. A estratégia funcionou e, após a desmobilização das cobranças de alas que tiveram importante peso social na defesa de sua candidatura, Lula indicou Dino - homem de sua confiança e combativo defensor do governo.
O presidente nunca esteve satisfeito com as pressões e não aceitava submeter sua escolha a critérios de gênero ou raciais. No entanto, cogita escolher para a vaga de Dino no ministério da Justiça uma mulher - forma de aplacar as críticas e demandas. Nesta segunda-feira circula o nome da atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, representante do MDB no governo, para a vaga que será aberta por Dino na Justiça.
O atual ministro terá de enfrentar forte reação da oposição no Senado, que já vinha há semanas declarando que não aceitará que Dino assuma no STF. O maranhense está na primeira fila dos desafetos dos oposicionistas, pelo seu estilo considerado direito e até arrogante da defesa do governo.
O Planalto, no entanto, avançou com os planos após obter o aval de senadores com cargos-chave na Casa, como o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e o próprio presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A aprovação do nome está longe de ser pacífica, mas as articulações são para que a questão seja resolvida antes do início do recesso parlamentar de dezembro.
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