Ministério determina que prefeitos reservem vacinas para 2ª dose
Documento expedido há 3 dias é claro quanto à necessidade de manter a dose de reforço. Prefeituras querem usar já todo o estoque para ampliar número de pessoas vacinadas
Christina Lemos|Christina Lemos, da Record TV, e Fernando Mellis, do R7
Um ofício obtido com exclusividade por este blog deixa expressa a determinação do Ministério da Saúde para que municípios não usem todo o estoque da CoronaVac enviado nesta semana e garantam metade do quantitativo para as doses de reforço.
A circular do secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, foi encaminhada a todos os secretários estaduais de Saúde como procedimento de padronização nacional do PNI (Plano Nacional de Imunizações). Embora estados e municípios tenham autonomia administrativa, a coordenação federal do PNI é estabelecida por lei.
A orientação ocorre no momento em que alguns prefeitos já começam a queimar todo o estoque de vacinas para a primeira dose enquanto aguardam para aplicar o reforço com a chegada de novos lotes.
A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, considera que recebeu menos doses do que teria direito e resolveu usar todo o estoque de 203 mil doses de uma única vez, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Aparecido conta como certo que a cidade receberá o mesmo quantitativo "daqui a 14, 15 dias" para aplicar a dose de reforço.
Leia também: Saúde exige que Estados cumpram cronograma de vacinação
O documento, enviado no último dia 19, enfatiza que o quantitativo da CoronaVac enviado aos estados e municípios é destinado a vacinação de 2,8 milhões de pessoas (já considerando perdas de doses) dos grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde e governos estaduais.
"Faz-se necessário destacar a necessidade de completar o esquema vacinal com as duas doses da vacina (intervalo de 02 a 04 semanas), no tempo determinado em bula pelo laboratório, a fim de que haja adequada imunização", destaca.
O próprio Instituto Butantan enfatizou recentemente que a vacina requer as duas doses completas.
A incerteza em relação à disponibilidade futura de doses da CoronaVac é o pano de fundo da recomendação do Ministério da Saúde.
Há uma demora além do que estava previsto para o envio de matéria-prima da China para o Instituto Butantan retomar a produção da vacina.
Um novo lote de 4,8 milhões de doses deve ser liberado para uso emergencial pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na tarde desta quarta-feira (22).
Também são esperados para hoje os 2 milhões de doses da vacina de Oxford que chegarão da Índia — do Instituto Serum, parceiro da AstraZeneca. Estas doses poderão ser todas usadas já que o intervalo para o reforço é de até 12 semanas.
A Fiocruz tem previsão para começar a produção da vacina de Oxford a partir de março, mas também depende de insumos da fábrica da AstraZeneca na China.
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.