No Brics, Haddad destaca reforma tributária e energia verde
O ministro não citou o arcabouço fiscal, ainda pendente de votação, e defendeu um 'mundo com povos soberanos'
Christina Lemos|Christina Lemos e Christina Lemos
Sem ter consolidado sua principal demanda no Congresso Nacional — a aprovação definitiva do marco fiscal —, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, optou por apresentar como trunfos perante a comunidade internacional a aprovação da reforma tributária, ainda sob a apreciação do Senado, e os avanços do país na produção de energia limpa.
“O Brasil ansiava por racionalização do sistema [tributário], que afastava investidores estrangeiros diante da complexidade de um país federativo, em que cada estado tinha uma legislação própria”, celebrou o ministro, que prometeu a aprovação da emenda constitucional até o fim do ano e disse que o governo tem apenas oito meses de gestão.
Simultaneamente ao discurso de Haddad por sua vez, articuladores do arcabouço fiscal, em Brasília, promovem reuniões em série nesta terça (22) para tentar viabilizar nesta quarta (23) a votação da proposição, que é a mais importante para o governo federal. A discussão envolve a versão do texto que veio do Senado, e o esforço dos líderes tenta evitar a reversão da principal vitória da equipe econômica até aqui no redesenho do controle das contas públicas.
O blog verificou que, entre os empresários brasileiros presentes à cúpula do Brics — há 91 representantes de grandes corporações empresariais e industriais no evento —, o ministro encontrou um ambiente receptivo. A principal preocupação é com a possível interrupção da queda da Selic, ante o impacto já esperado da alta dos combustíveis sobre a inflação. No cenário externo, porém, a delegação empresarial brasileira comemora as promessas de negócios anunciadas na véspera, com aportes de recursos do Novo Banco de Desenvolvimento.
Em Joanesburgo, diante de uma plateia composta de alguns dos principais CEOs dos cinco países-membros do bloco, Haddad optou por um discurso de forte cunho ambiental ao defender as bases da nova matriz energética do país. “O Brasil é campeão em energia limpa, com uma matriz energética 90% limpa”, disse. Ele ressaltou que o país “está coprocessando diesel e produzindo diesel verde, biodiesel e até hidrogênio verde” e “pretende ser fonte de energia limpa para si próprio e pretende exportar energia limpa para o mundo”.
Haddad afirmou que os países do Brics podem se tornar “plataformas de atividades globais” mediante a diversificação das plantas industriais, evitando a concentração de riqueza e produção em determinadas regiões do planeta e permitindo a ampliação do acesso a empregos e melhores condições de vida para amplas camadas da população mundial, no contexto de “um mundo sem donos, mas com povos soberanos”.
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