PSDB divulga carta aberta com críticas ao ministro Paulo Guedes
Em documento, partido diz que chefe da Economia é "reincidente" em declarações contrárias à legenda e relembra controle da hiperinflação
Christina Lemos|Com Angela Oliveira, da Record TV Brasília
O PSDB emitiu uma carta aberta, assinada pelo presidente da sigla, Bruno Araújo, para rebater o ministro da Economia, Paulo Guedes, que seria autor de uma série de "declarações públicas contra" nas palavras do próprio partido.
No documento, a legenda destaca o controle da hiperinflação, cujo processo foi finalizado com a criação do Plano Real, e ataca Guedes ao dizer que se trata do "ministro da semana que vem nós vamos".
Os tucanos afirmam que, "até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo". O partido também chamou de "miragem" o tão esperado crescimento econômico – "aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que 'estava decolando'”.
O documento termina com questionamentos ao ministro, tais como: "o que o atual ministro da Economia está esperando para começar a fazer alguma coisa pelo Brasil?" e "Vai trabalhar ou vai continuar na sanha inútil contra quem realmente realizou mudanças e promoveu benefícios para todos os brasileiros?"
O blog procurou a assessoria do ministro para perguntar se haveria comentários sobre a carta tucana. Mas, até a publicação dessa reportagem, não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
Leia a carta na íntegra:
"Carta aberta ao ministro Paulo Guedes
O atual ministro da Economia tem sido reincidente em suas declarações públicas contra o PSDB.
Parece coisa de gente que até agora não conseguiu ser parte relevante de um único momento memorável sequer da história do nosso país.
Só isso, ou alguma absoluta amnésia, explica a tentativa do atual ocupante do ministério da Economia de tentar diminuir a relevância do Plano Real ou de outras conquistas econômicas e sociais promovidas pelo PSDB em seus governos.
Paulo Guedes talvez não se lembre, mas a hiperinflação era um mal que consumia o dinheiro das pessoas, tornava os pobres mais pobres e, acima de tudo, destruía qualquer perspectiva de futuro para o país. Paulo Guedes talvez não se importe com coisas desta natureza.
Melhor seria para o país se o ministro ocupasse seu tempo com uma agenda de realizações que busque cumprir o básico de quem está num governo: ajude a melhorar a vida das pessoas, ainda mais num momento tão difícil quanto o atual.
Até agora, passados 18 meses, o ministro da Economia continua no vermelho, continua devendo.
Até agora, Paulo Guedes foi apenas o ministro do “semana que vem nós vamos”, ministro de uma semana que nunca chega.
Ficou sempre para “semana que vem” a apresentação da reforma tributária, a proposta da reforma administrativa que combata privilégios, da privatização de estatais que só servem para sorver dinheiro público.
Cadê o Brasil novo que o atual ministro tanto promete e nunca entrega?
Mesmo antes da pandemia, o tão esperado crescimento econômico – aquele que Paulo Guedes vivia dizendo que “estava decolando” – nunca ocorreu. Agora não passa de miragem, sabe-se lá para quando.
O Brasil moderno, ministro Paulo Guedes, nasceu nos governos do PSDB. Não adianta querer fazer como alguns dos regimes mais repugnantes da história da humanidade, que se dedicaram a deturpar e a tentar reescrever a história. Isso não é coisa de quem preza a democracia.
A lista de realizações é extensa, mas não custa relembrar.
Além do excepcional Plano Real, que trouxe estabilidade econômica e inédita transferência de renda, beneficiando sobretudo os mais pobres, tivemos as privatizações, como a da telefonia, que levou celulares a todos os brasileiros; a Lei de Responsabilidade Fiscal; a criação dos programas de transferência de renda; a universalização do ensino fundamental, de tempos em que o Ministério da Educação cuidava de educação; e a criação dos medicamentos genéricos, de quando o país tinha ministro da Saúde.
No período em que o PSDB fazia tudo isso, Jair Bolsonaro, o chefe do atual ministro, mantinha-se gostosamente abraçado ao Partido dos Trabalhadores na trincheira contra a modernização do país. Votava contra todas as reformas, contra o Plano Real, contra as privatizações e sempre pela manutenção e pela ampliação de privilégios e interesses corporativos. Talvez seja isso que explique a raiva que Paulo Guedes sente pelo PSDB…
Mais tarde, na firme oposição ao PT, o PSDB fincou pé na defesa das instituições, no combate aos abusos, na denúncia incansável dos erros de um governo que levou o país a uma crise econômica, social, política, ética e moral de proporções até então inéditas. E Paulo Guedes, onde estava?
Não é só o passado que nos diferencia do atual ministro. O presente também nos coloca em lados opostos.
Enquanto Paulo Guedes continuava prometendo um novo mundo “para a semana que vem”, o PSDB atuava para tornar possíveis as mudanças que o país precisa.
Já durante o governo Bolsonaro, o PSDB esteve à frente das principais realizações econômicas recentes, levadas adiante pelo seu empenho legislativo, como a reforma da Previdência e o novo marco do saneamento, ambos conduzidos por parlamentares tucanos no Congresso Nacional.
Ficam as perguntas: e Paulo Guedes, o que tem para mostrar? O que o atual ministro da Economia está esperando para começar a fazer alguma coisa pelo Brasil? Quando vai pelo menos indicar que sabe pelo menos como fazer? Vai trabalhar ou vai continuar na sanha inútil contra quem realmente realizou mudanças e promoveu benefícios para todos os brasileiros?
Bruno Araújo
Presidente Nacional do PSDB"
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