“Quando a multidão gritou 'não', o palanque tremeu”, diz ministro
Para auxiliar, circunstância levou presidente ao “exagero verbal” contra o ministro do STF. Bolsonaro havia apelado para que Moraes recuasse, e a multidão repudiou imediatamente o gesto
Christina Lemos|Do R7
Um dos ministros hoje mais próximos a Jair Bolsonaro, presente no momento em que o presidente discursava na Avenida Paulista no evento de apoiadores, durante o Sete de Setembro, testemunhou o clima político no carro de som onde a comitiva se encontrava. Durante o discurso já inflamado, Bolsonaro chegou a sinalizar que recuaria caso o ministro Alexandre de Moraes revisse suas posições, arquivando os inquéritos que alega serem ilegais. Neste momento, houve forte reação da massa de manifestantes. “Quando a multidão gritou “não”, o palanque tremeu”, relata o ministro. A partir de então, Bolsonaro teria escalado o tom contra o magistrado.
“É preciso compreender as circunstâncias em que as coisas ocorreram”, argumenta o auxiliar presidencial, admitindo que houve excesso. Durante a reunião ministerial desta quarta-feira, a avaliação de vários integrantes da equipe era de que o saldo negativo do episódio representava risco institucional. “Propagou-se a versão de que o presidente atacou o STF. Ele criticou uma pessoa especificamente, não a instituição”, argumenta o ministro.
O recuo formal de Bolsonaro, ocorrido nesta quinta, atende, além da articulação de vários aliados, à percepção de perda de apoio político por alas do Centrão e à instabilidade no mercado causada pelo episódio. Atuou para consolidar a nota oficial divulgada na tarde desta quinta o ex-presidente da república Michel Temer, cujas digitais foram identificadas até mesmo no texto do comunicado.
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