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Christina Lemos - Blogs

Resultado das eleições redesenha disputa de 2026. Entenda

Avanço de PSD, MDB e Republicanos em municípios turbina o poder de conservadores. Esquerda, governará 12% dos brasileiros

Christina Lemos|Christina LemosOpens in new window

Gráfico sobre como ficou a divisão entre esquerda, centro e direita após as eleições de 2024 Reprodução/Nexus

O rearranjo das forças políticas ditado pelas urnas projeta seus efeitos sobre as eleições majoritárias de 2026, cujo mapa sai mais claro das urnas após a escolha de prefeitos que tomam posse em 1º de janeiro de 2025. A base política do país, que tem suas raízes no município, adquiriu um perfil mais conservador, predominantemente de centro-direita, e em grande medida avesso à experimentação.

Gráfico sobre como ficou a divisão entre esquerda, centro e direita após as eleições de 2024 Reprodução/Nexus

O resultado indica um caminho estreito de manobra para os representantes da esquerda, que têm como figura central o presidente Lula. O petista elegeu ou ajudou a eleger 6 prefeitos de capitais. Conquistou potenciais palanques fortes, ou pelo menos amigáveis, em cidades de regiões decisivas, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Belém. Mas a esquerda governará ao todo apenas 12% dos brasileiros (Nexus, Pesquisa e Inteligência de Dados).

Gráfico sobre como ficou a divisão entre esquerda, centro e direita após as eleições de 2024 Reprodução/Nexus

Num futuro projeto de reeleição, Lula está mais sujeito às demandas de aliados de ocasião, como PSD e MDB, e com palanque eleitoral mais frágil justamente onde já é vulnerável, como nos rincões dominados pelo PL, em amplas regiões do sul, norte e centro-oeste do país.

Gráfico sobre como ficou a divisão entre esquerda, centro e direita após as eleições de 2024 Reprodução/Nexus

O avanço das legendas de centro-direita sobre centenas de prefeituras garante capilaridade a estes partidos no contato direto com o eleitor – qualidade que por décadas fez do MDB uma espécie de poder moderador na política. A tarefa agora será compartilhada com o PSD, de Gilberto Kassab, que superou a legenda de Temer ao conquistar o comando de 891 municípios, contra 864, do MDB e 752, do PP.


O PSD governará 35,3 milhões de brasileiros – um salto de 62% na comparação com a eleição passada (Nexus), e o MDB, que conquista pela primeira vez no voto a maior capital do país, São Paulo, outros 35,1 milhões. Mais à direita, o PL, de Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, figura como quinto colocado, com 517 prefeitos eleitos – metade da pretensão alardeada pela cúpula da legenda, de alcançar o comando de mil prefeituras. Enquanto o PT alcança apenas a nona posição, com 252 prefeitos eleitos, apenas uma capital, Fortaleza, e governará 9,6 milhões de brasileiros.

Gráfico sobre como ficou a divisão entre esquerda, centro e direita após as eleições de 2024 Reprodução/Nexus

O partido que abriga o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas turbinou sua representação ao final desta disputa, com crescimento exponencial. O Republicanos elegeu 439 prefeitos, contra 211 em 2020, e 104 em 2016. O resultado projeta a legenda de Marcos Pereira como player importante para 2026, e referenda o governador como potencial candidato à direita com chances tanto na disputa presidencial quanto à reeleição em São Paulo.


O resultado sinaliza aos representantes da esquerda que a guinada à direita iniciada pelo acidentado governo de Jair Bolsonaro (2018-2022) vai se consolidando na base das camadas sociais, e exigirá uma reconfiguração tanto do discurso quanto da forma de fazer política. Resta à esquerda aprender a dialogar com eleitor que deixou sua mensagem nas urnas sobre o que quer e, principalmente, sobre o que não quer de um governante nesta fase da vida nacional.


A derrocada de legendas de centro-esquerda, com sua ideologia moderada, frequentemente classificada de “murista” – ou “em cima do muro”, na linguagem popular – deixa o cenário político ainda mais rarefeito. O movimento tem como representante o PSDB, que ruma para a fusão com a centro-direita e caminha para sepultar a social-democracia, num dos desfechos mais melancólicos do processo eleitoral de 2024.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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