Sete de setembro projeta Bolsonaro, mas embute risco, avaliam aliados
A menos de um mês do primeiro turno, 5 milhões devem participar de eventos em todo o país. Moderação conquistará moderados, diz campanha
Christina Lemos|Do R7
Com o recuo da oposição, que marcou para o dia 10 sua ida às ruas, o Sete de Setembro tornou-se uma data-chave para a campanha à reeleição do presidente Bolsonaro, sem contudo deixar de embutir uma margem de risco - avaliam aliados e integrantes da campanha. A expectativa é que Bolsonaro aproveite a mobilização popular envolvendo do Dia da Pátria para uma “mensagem positiva” e agregue votos de eleitores moderados. Esta camada do eleitorado tem dado mostras de que rejeita conflitos e discursos agressivos, que suscitem instabilidade institucional, como ataques a ministros do STF.
A expectativa entre os organizadores dos eventos do Sete de Setembro, ampliados pela celebração dos 200 anos da Independência, é de que pelo menos 5 milhões de pessoas participem, em todo Brasil, das comemorações, e a conotação deverá ser de festa, com "conquistas a comemorar” - relata, em caráter reservado, um dos idealizadores dos eventos.
Também na ala militar, vozes moderadas que acompanham a preparação do desfile no Rio de Janeiro trabalham para que esta seja a conotação das comemorações da data nacional. Se depender de Bolsonaro, no entanto, o evento terá forte caráter político-eleitoral. O presidente estará de volta ao seu estado de origem, que lhe garantiu sucessivos mandatos como deputado federal e uma vitória expressiva sobre Fernando Haddad em 2018, desta vez estaria tecnicamente empatado com o adversário petista, o ex-presidente Lula, no Rio.
Declarações do presidente neste final de semana voltaram a preocupar articuladores políticos, que vêem risco de Bolsonaro, no intuito de mobilizar militantes de sua base eleitoral, acabe optando por discursos exaltados, que tendem a limitar a abrangência do efeito eleitoral desejado pela campanha. No sábado, Bolsonaro usou a expressão “canetada de vagabundo”, para referir-se à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou diligência da polícia federal contra empresários por causa de troca de mensagens supostamente em defesa de um golpe.
O tom de comemoração também seria importante para previnir eventual incidente e reduzir a imprevisibilidade dos eventos de massa esperados para a data. A área de inteligência do governo redobrou atenções depois do episódio envolvendo a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, alvo de um atentado na semana passada. A desistência de oposicionistas, que optaram por não disputar o espaço público com adversários Bolsonaristas, não autoriza um distensionamento dos procedimentos de segurança.
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