Torres quebrará silêncio e deve minimizar minuta de decreto golpista
Defesa do ex-ministro da Justiça manterá argumento de que esse tipo de documento "circulava muito" e que desconhece autoria
Christina Lemos|Do R7
Dezoito dias após sua prisão, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, deve abandonar a estratégia de permanecer em silêncio e prestar declarações no inquérito que apura responsabilidades pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. O depoimento está previsto para a manhã desta quinta.
O blog apurou que a defesa de Torres manterá a versão de que ele desconhece a autoria da minuta de decreto que prevê a decretação de estado de defesa no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral, sob a alegação de que esse tipo de documento “circulava muito” na época. O documento foi encontrado pela Polícia Federal na casa do ex-ministro de Bolsonaro durante diligência, e supostamente seria usado como instrumento para reverter a então eventual vitória eleitoral de Lula.
A argumentação, que tenta “normalizar” o documento e dar caráter apócrifo a ele, foi antecipada pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que em declaração pública também adotou a estratégia, tida como frágil pelo investigadores. As afirmações motivaram a convocação do próprio Costa Neto para depor.
O depoimento de Torres, que deve isentar-se de responsabilidade pelos atos de vandalismo em Brasília e alegar que acertou com substitutos os procedimentos de segurança no contexto de manifestação pacífica antes de se ausentar do país, é considerado peça importante para o governador afastado, Ibaneis Rocha. O emedebista nutre expectativa de antecipar para março seu retorno ao cargo, previsto apenas para abril.
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