O governo federal encaminhou ao Congresso Nacional uma MP (medida provisória) que prevê a cobrança 5% de imposto de renda sobre títulos de renda fixa, que são atualmente isentos, como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrícola). Além disso, a proposta cria uma alíquota fixa de 17,5% para outras aplicações que atualmente variam de 15% a 22,5%, dependendo do prazo e do valor aplicado. A medida é para compensar o recuo no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).Com isso, a caderneta de poupança, aplicação financeira mais tradicional do país, que continua sem tributação, pode ficar mais atrativa?Nesse sentido, sim, porque esses fundos não tinham imposto de renda e passam a ser tributados, avalia Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo de estudos e pesquisas da Anefac.“Entretanto, é importante listar que o lastro desses tipos de títulos, a referência de aplicação, é a taxa básica de juros, que está muito alta e deve continuar elevada. A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, nesta semana, deverá manter a taxa Selic inalterada, em 14,75% ao ano”, afirma Oliveira.Ele explica que a tributação reduz o ganho, mas, independentemente disso, grande parte das aplicações é de títulos que já apresentam imposto de renda, e, mesmo assim, tem rendimento superior ao da poupança.Nesse caso, segundo ele, a poupança só se destaca frente a esses fundos para aquelas aplicações de baixo valor. Normalmente, a aplicação de baixo valor dos fundos, além do imposto de renda, tem a taxa de administração, que acaba comendo parte do ganho.“Para pequenos valores, a poupança se destaca, por conta da taxa de administração muito elevada cobrada nos investimentos dos fundos pelos bancos. Agora, de modo geral, os fundos ganham da poupança, e vão continuar ganhando por conta da Selic alta”, adverte.Esses fundos que não são tributados hoje vão continuar se destacando, segundo Oliveira. “Porque exatamente o lastro é a Selic que está muito alta. Enquanto a taxa básica de juros estiver nesse patamar elevado, os fundos vão continuar se destacando mesmo sendo tributados”, acrescenta Oliveria.A caderneta tem registrado ganho real, com resultado acima da inflação, desde 2022. Segundo levantamento da Economatica, neste ano, o índice atingiu 11,29%, com rendimento real de 3,59%, considerando o acumulado do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), da inflação oficial do país, até 30 de abril.No entanto, não é o melhor retorno do mercado financeiro. De janeiro a maio deste ano, os brasileiros sacaram R$ 51,77 bilhões a mais do que depositaram na caderneta, de acordo com dados do Banco Central.O movimento ocorre em meio aos juros elevados, que reduzem a competitividade da poupança frente a outros investimentos.✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp