Aumento do salário mínimo está com os dias contados
Economia em cinco minutos|Richard Rytenband

Com reajuste de 1,81%, o menor dos últimos 24 anos, o salário mínimo passou de R$ 937 para R$ 954 na última segunda-feira (1º). O que poucos perceberam com o novo valor é que mesmo pequenos reajustes no salário mínimo acima da inflação podem estar com os dias contados.
O mecanismo constitucional do teto dos gastos aprovado em 2016 estabelece um limite anual para as despesas primárias do governo com base na inflação do ano anterior. Saúde e Educação ficam de fora do teto e, a partir de 2018, têm um piso mínimo e não um teto.
Em caso de descumprimento do teto uma série de punições são ativadas, como a proibição de reajustes de salários de servidores, novas contratações e o reajuste de despesas obrigatórias, como o salário mínimo acima da inflação.
A fixação do teto de gastos foi um avanço importante na questão fiscal, já que explicita as restrições orçamentárias à sociedade, demonstra que o dinheiro público tem limite e que escolhas devem ser feitas. Mas, ao mesmo tempo, pode trazer grande turbulência e paralisia ao governo quando as penalidades da violação do teto forem testadas na prática.
O diretor-executivo do IFI (Instituto Fiscal Independente), Felipe Salto, acredita que será muito difícil cumprir o teto dos gastos se não houver mudança na dinâmica das despesas obrigatórias. Segundo Salto, em 2019 já ficaria muito difícil cumprir o limite de gastos.
Quem depende do salário mínimo já deve se preparar para o fim dos reajustes reais e, ao mesmo tempo, cobrar corte de despesas para que o teto não seja ultrapassado.
Um bom começo seria o fim de privilégios e desperdícios no setor público.
