O fantasma das eleições
Candidatos políticos à presidência do Brasil já se movimentam e preparam seus discursos para o período eleitoral que se aproxima
Eduardo Costa|Eduardo Costa
Sou da geração de jornalistas que teve o trabalho prejudicado por um período sem eleições no Brasil. Sequer a palavra greve podia ser falada, quando comecei no rádio... A gente dizia paralisação. E este é só um dos exemplos, das razões pelas quais deveria ser um defensor de eleição todo ano neste país.
Mas, como estou absolutamente convencido do estrago que eleição de dois em dois anos faz na coisa pública, tenho insistido, mesmo remando contra a maré, que o país não dá conta. Por conta do dinheiro público que se gasta, pelos favores governamentais, as verbas indecentes de governos para obtenção de aprovações nas casas legislativas, mas, sobretudo, porque não cuidam da administração, não fazem funcionar a máquina pública, por medo de perder votos.
Outra tragédia das eleições é a busca desenfreada de frases de efeito para aumentar as intenções de voto. Agora, mal o ano começou, Lula e alguns dos seus começam a falar em revogar a reforma trabalhista que Temer fez em 2017. Seu ex-ministro Guido Mantega é contra outras reformas e – acreditem – o teto de gastos.
Não vou nem entrar no mérito, o problema é o discurso fora de hora. No mesmo dia, nosso comentarista de economia acusava perdas na bolsa brasileira, ao contrario da Europa e dos Estados Unidos. Aqui, dizia Matheus Machado, a desconfiança na terça dizia respeito às eleições.
Vamos combinar uma coisa: o presidente da República continua duvidando da urna eletrônica e da Justiça Eleitoral e o principal partido de oposição promete mudar o que foi mudado há quatro anos... Depois de sete décadas. É de se esperar que os investidores venham por seu dinheiro aqui?
Nunca, na história desse país, um presidente teve tanto respaldo popular para promover reformas que de fato mudassem o país. Lula preferiu se aliar às velhas raposas da política e deu no que deu. Agora, dez meses antes das eleições, num ambiente já de raros empregos, quer repetir erros, seus e de Dilma, com proteção a empresas brasileiras a qualquer custo, incentivos fiscais e aumento dos gastos do governo, que levaram o país a uma grande recessão.
Vem terceira via, tem dó... Vem!
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