Para quem preza o mínimo vidas humanas, a cena revolta.
Um balão caiu no pátio do Aeroporto Internacional de Guarulhos, na manhã deste domingo (20), causando suspensão temporária das operações no local da queda.
Uma das partes do objeto aparece já enroscada na asa de um Boeing 737 da Gol Linhas Aéreas.
O objeto principal surge ainda no ar e se aproxima de um caminhão de abastecimento, ao lado de outro Boeing da Gol.
Infelizmente, a cena absurda não é rara em Guarulhos.
A soltura de balão é crime.
O ato pode provocar incêndios de grandes proporções em terra, trazendo enormes prejuízos em áreas urbanas, rurais, na fauna e na flora.
No ar, o risco também é imenso, pois pode culminar em uma colisão com aeronave.
"É muito grave! A nossa sorte é que com o tempo bom a gente consegue avistá-los quando passamos voando por eles. Só que uma hora pode vir um balão por um ângulo em que a gente não consiga ver, e tem balões que voam com botijão de gás, imagina se isso pega em um avião a 500 km/h. Não sobra nada", disse um comandante de linha aérea ao Blog sob a condição de anonimato.
A GRU Airport, administradora do Aeroporto Internacional de Guarulhos enviou uma nota ao Blog:
"A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, informa que, neste domingo (20), identificou a queda de um balão no pátio às 8h40. A operação no local foi paralisada, e as equipes da concessionária atuaram para recolher o material. A rápida atuação para a retirada do balão não provocou interferência nem gerou riscos nas operações, que foram normalizadas às 8h49.
O balão trazia desenho de personagens do SBT, e um desenho do logo da emissora. Em nota, a emissora afirmou: "O SBT esclarece que o balão que caiu neste domingo dia 20 no Aeroporto de Guarulhos não tem qualquer relação com a empresa. A emissora não apoia a soltura de balões e espera que as autoridades apurem a responsabilidade do fato",.
Mesmo que no Brasil a soltura de balão seja crime, ainda é frequente esse tipo de prática. Em 2020, a concessionária contabilizou mais de 33 ocorrências com balões. Em 2021, foram 44 registros", finaliza.
Nos sete primeiros meses de 2021 a polícia ambiental de São Paulo aplicou R$ 710 mil em multas e apreendeu 23 balões.
Mas as operações estão longe de tirar esses artefatos de circulação.
"Quando chega o período de festas juninas é um inferno", diz o comandante.
Os detidos são autuados por crime ambiental. O artigo 42 da lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, determina detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente, para quem fabricar, vender, transportar ou soltar balões.
E enganam-se os que pensam que quem solta balão são pessoas sem conhecimento da legislação.
Em agosto de 2021 a polícia prendeu sete homens suspeitos de soltar um balão em Franco da Rocha, São Paulo. O objeto causou um incêndio no Parque Estadual do Juquery. Entre os detidos estava um advogado, que pagou fiança de R$ 3.000 e foi liberado em seguida.
No Rio de Janeiro a esculhambação também é grande. Em julho de 2020 a polícia trocou tiros com um grupo de 30 baloeiros que invadiu o aeroporto Internacional do Galeão para resgatar um balão de 18 m de altura.
Ou os legisladores aprovam penas mais duras ou a farra dos balões vai continuar.
E possíveis tragédias seguirão iminentes.