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Luiz Fara Monteiro

CEO da LATAM faz autocrítica e explica comentário sobre excesso de ações na Justiça

Jerome Cadier defende que passageiro prejudicado reclame e judicialize, mas destaca responsabilidades fora da alçada da companhia

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Jerome Cadier, CEO da LATAM Brasil

Jerome Cadier, CEO da LATAM, voltou às redes sociais nessa sexta-feira (21) para se explicar após ter criticado o excesso de ações na Justiça contra companhias aéras. Veja, na íntegra, a postagem do executivo.

“Hoje uma explicação!

O meu post de ontem sobre colisão com ave (“bird strike”) gerou muitos comentários. Li a grande maioria deles e pela minha incapacidade de responder a todos individualmente, resolvi voltar no tema com mais detalhes.

Assim explico aqui o que o post de ontem não deixou claro. Colisão com aves não são raras. Em 2024, na Latam Brasil foram 562 eventos (1,5 eventos por dia), alguns mais graves e outros mais leves. Os pousos foram sempre seguros. Em todos os casos, analisamos a gravidade e os reparos necessários. No total, as aeronaves envolvidas ficaram mais de 750 horas paradas e impactamos mais de 30 mil passageiros com cancelamentos e atrasos.


O meu desabafo é porque muitos destes eventos são evitáveis. Os aeroportos e os municípios são responsáveis pelo manejo da fauna. É um trabalho importante e que protege os pássaros e as aeronaves. Sem investimento consistente e relevante, o custo total é muito maior.

Quem paga este custo? Os passageiros! Os reparos nas aeronaves tem um custo que é incorporado no preço da passagem. O mesmo ocorre para o custo da aeronave parada (leasing), o tempo perdido pela tripulação e a alimentação/acomodação definida na resolução 400, não só para os passageiros do voo em questão, mas para todos os voos seguintes que esta aeronave iria executar. É um impacto enorme, que poderia ser muito reduzido com um manejo adequado da fauna.


E sobre ações na Justiça?

Muitos criticaram meu desabafo. Criticaram com razão, pois estava mal explicado. Sempre que alguém julgar que foi prejudicado, tem que reclamar. Se a reclamação não for resolvida a contento, tem a Justiça à sua disposição. Que bom que seja assim! Nunca critiquei isto. Meu ponto é que a cia aérea não é responsável pelo manejo de fauna, assim como não é responsável pelo mau clima que impossibilita uma decolagem ou pouso em segurança. Por isto, não deveria ser responsabilizada, muito menos ser condenada a pagar danos morais pelo atraso ou cancelamento decorrente. Mas novamente aí vale a mesma coisa: este custo, quem acaba pagando é o passageiro.


Desabafo porque o Brasil concentra mais de 98% das ações na Justiça no mundo e somente 3% dos voos. Tem algo errado nisto. Muitos vão dizer que é porque as cias brasileiras são ruins. Lamento discordar e tenho dados para provar isto (não opiniões, fatos). Mas isto é assunto para outro post.

Agradeço aos que tiveram a paciência para chegar até o final deste texto. Tenho certeza que aprenderam algo. Refletindo sobre o meu post de ontem, eu deveria ter explicado melhor o desabafo. Mais importante que criticar e ofender (como foi o caso de vários comentários) meu caminho será sempre de respeitar, dialogar e buscar entender. Afinal eu acho que estamos todos aqui para aprender. Eu aprendi: não farei mais desabafos desta forma!"

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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