Escassez de combustível em Joanesburgo faz jumbos voarem 2 mil quilômetros sem passageiros para encher tanque
Boeing 747 da Lufthansa sai de Joanesburgo, abastece na Namíbia, retorna à África do Sul, embarca passageiros e seguir de volta para a Alemanha

A companhia aérea alemã Lufthansa, que opera voos regulares entre Frankfurt e Joanesburgo, na África do Sul, com um jumbo Boeing 747-8, precisou acrescentar agora um novo trajeto para sua aeronave com capacidade para mais de 368 passageiros. Só que desta vez, voando sem passageiros.
Enquanto aguarda o voo de volta para Frankfurt, o jumbo segue vazio até Windhoek, na Namíbia, para abastecer e retornar à ‘Joburg’, onde só então embarca seus passageiros e retorna para Frankfurt. Esse trecho a mais, ida e volta, soma mais de 2.300 km de distância.
Isto tem acontecido desde 4 de janeiro, quando um incêndio destruiu a refinaria em Sasolburg, ao sul de Joanesburgo, interrompendo a produção de querosene de aviação. O acidente causou uma grave escassez de querosene de aviação no aeroporto O.R. Tambo Internacional, em Joanesburgo. A redução na oferta de combustível fez a Lufthansa optar por viajar para outro país - no caso, a Namíbia, e retornar à África do Sul, antes de retornar à Alemanha.
No início da crise sul-africana de abastecimento, a Lufthansa submeteu seu voo de volta à uma curta escala na cidade litorânea sul-africana de Durban, a 550 km de Joanesburgo, para reabastecimento antes de seguir para a Alemanha. Mas essa solução estava adicionando mais de duas horas ao tempo de voo, fazendo vários passageiros perderem suas conexões em Frankfurt, além de atrasar o uso da aeronave em seu próximo voo.
A Lufthansa opera um voo noturno para a África do Sul e depois deixa a aeronave estacionada no solo por várias horas antes de retornar à Alemanha à noite. A companhia percebeu então que poderia utilizar este período ocioso para levantar voo, seguir até o Aeroporto Internacional Hosea Kutako (HKIA), perto de Windhoek, na Namíbia, e abastecer totalmente o jumbo antes de retornar a Joanesburgo, embarcar seus passageiros e seguir de volta para a Frankfurt sem atrasos. Os voos de ida e volta Joburg - Windhoek - Joburg percorrem 2.360 km de distância.
Neste fim de semana, a ministra dos Transportes sul-africana, Barbara Creecy, anunciou um acordo que irá garantir o abastecimento das aeronaves no O.R. Tambo Internacional durante o mês de fevereiro.
Mesmo assim, as companhias aéreas estão sendo encorajadas a elaborar planos de contingência caso a escassez se prolongue.
A Companhia de Aeroportos da Africa do Sul (ACSA), informa o Paddle Your Own Kanoo - PYOK, sugeriu que as companhias transportem combustível suficiente de um aeroporto alternativo, eliminando a necessidade de reabastecimento em Joanesburgo, uma prática conhecida como tankering, quando a aeronave decola já com combustível suficiente para a viagem de ida e volta, eliminando a necessidade de reabastecimento no aeroporto de destino. No caso da Lufthansa, no entanto, não seria possível colocar combustível suficiente em um Boeing 747-8 para voar a distância de 8.500 km de Frankfurt a Johanesburgo e depois retornar ao aeroporto de destino.
Em comunicado, a ACSA explicou: “As companhias aéreas têm o direito de tomar medidas que considerem prudentes nas circunstâncias, incluindo o reabastecimento de outros aeroportos, a fim de economizar as reservas atuais de combustível até que a certeza sobre o mês de fevereiro prevaleça.”
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