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Luiz Fara Monteiro

Gravação de voz indica que comandante pode ter desativado combustível em acidente da Air India

Copiloto perguntou ao comandante se o colega teria desligado os interruptores de suprimento de combustível aos motores

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Boeing 787 Dreamliner semelhante ao da ocorrência Alan Wilson via Wikimedia Commons

Uma gravação de voz da cabine do voo 171 da Air India aponta que o copiloto perguntou a um colega mais experiente o porquê dele desligar os interruptores de suprimento de combustível do avião, modelo Boeing 787-8 Dreamliner. No acidente, em 12 de junho, 241 pessoas a bordo morreram, além de 19 em solo. Um passageiro sobreviveu.

Dois oficiais, incluindo autoridades de aviação dos Estados Unidos e fontes ligadas ao Wall Street Journal, indicam que o comandante Sumeet Sabharwal, do voo AI 171, teria desligado manualmente os interruptores de combustível dos dois motores (Fuel Control Switches) do Boeing 787-8 Dreamliner depois da decolagem.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Gravação de voz revela que o copiloto questionou o comandante sobre o desligamento dos interruptores de combustíveis do avião logo após a decolagem.
  • Investigações preliminares indicam que o comandante Sumeet Sabharwal pode ter desligado manualmente os interruptores, levando ao acidente com 241 mortes.
  • Desligamento dos motores ocorreu muito rapidamente após a decolagem, levantando dúvidas sobre erro humano ou falhas técnicas.
  • A Air India e autoridades de aviação pedem cautela em tirar conclusões, enquanto a investigação continua e poderá levar meses para ser concluída.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

A gravação da caixa-preta, registra o copiloto Clive Kunder, alarmado: “por que você moveu os switches para a posição de corte?”

O relatório preliminar do Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB) da Índia confirma que os switches foram movidos da posição “run” (ativado) para “cutoff” (desativado) com aproximada simultaneidade — um segundo de diferença entre os motores — e depois retornaram em cerca de 10 segundos.


Como os interruptores necessitam de dois movimentos distintos para serem ativados, uma desativação involuntária na cabine se tornou menos provável.

Válvulas de alimentação de combustível dos motores Reprodução vídeo redes sociais

Segundo os investigadores, o copiloto era quem pilotava o avião — função chamada na aviação de “pilot flying”. Por isso, analistas de segurança aérea afirmam que o movimento é mais compatível com ação do comandante, que durante o voo executava a função de operar as comunicações e monitorar informações no painel, como a velocidade. Esta função é chamada de “pilot monitoring”.


Após a perda de potência, uma turbina de emergência, da sigla em inglês RAT (ram air turbine) foi acionada, e os motores chegaram a religar sozinhos — mas o avião estava muito baixo e lento para recuperar o empuxo necessário, que resultou no impacto fatal em um prédio próximo ao aeroporto de Ahmedabad, na Índia. O voo seguiria para Londres.

A Air India, por meio de seu CEO Campbell Wilson, ressaltou que o relatório preliminar não identificou falhas mecânicas ou problemas de manutenção, e solicitou cautela para evitar conclusões precipitadas.


A investigação, que conta com apoio do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) e outras agências internacionais, permanece aberta e pode levar meses até chegar a um relatório final. Também está sob avaliação se houve falha humana, erro técnico ou manipulação intencional dos controles de combustível.

A investigação inicial mostra que os interruptores de controle de combustível do Boeing 787-8 Dreamliner, de matrícula VT-ANB, foram desligados imediatamente após a decolagem do avião.

Como e por que os interruptores foram desligados — interrompendo o fluxo de combustível para os motores — são agora as principais linhas de investigação a serem seguidas. As autoridades investigam se a interrupção do fornecimento de combustível poderia ter sido resultado de uma falha nos sistemas do avião ou erro humano.

Embora os novos detalhes acrescentem uma nova perspectiva sobre a confusão na cabine durante os 32 segundos entre a decolagem e a queda, os investigadores ainda não tiraram nenhuma conclusão definitiva.

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No início desta semana, a autoridade de aviação civil da Índia ordenou uma inspeção dos interruptores de combustível da cabine das aeronaves Boeing 737 e 787 que operam no país, em um esforço para verificar se o acidente foi causado por falha de equipamento.

Psicólogos da aviação e especialistas médicos também estão envolvidos na investigação — uma prática comum na indústria da aviação — para investigar o papel dos pilotos no acidente.

O primeiro oficial expressou surpresa ao ver que os interruptores de combustível estavam desligados e, em seguida, entrou em pânico, informou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com a avaliação inicial das evidências feita por autoridades americanas. O capitão parecia permanecer calmo, segundo a reportagem. A Associação de Pilotos de Linha Aérea da Índia rejeitou a hipótese de ação humana como causa.

O AAIB não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários enviados fora do horário comercial normal. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA, que está auxiliando na investigação, encaminhou as perguntas às autoridades indianas. A Boeing também encaminhou as perguntas ao AAIB. A Air India e a GE Aerospace, que fabricaram os motores, não quiseram comentar.

O CEO da Air India, Campbell Wilson, afirmou em um memorando aos funcionários na segunda-feira que o relatório não identificou nenhuma causa e não fez nenhuma recomendação. “Peço a todos que evitem tirar conclusões precipitadas, pois a investigação está longe de terminar”, disse ele.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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