Gravação de voz indica que comandante pode ter desativado combustível em acidente da Air India
Copiloto perguntou ao comandante se o colega teria desligado os interruptores de suprimento de combustível aos motores

Uma gravação de voz da cabine do voo 171 da Air India aponta que o copiloto perguntou a um colega mais experiente o porquê dele desligar os interruptores de suprimento de combustível do avião, modelo Boeing 787-8 Dreamliner. No acidente, em 12 de junho, 241 pessoas a bordo morreram, além de 19 em solo. Um passageiro sobreviveu.
Dois oficiais, incluindo autoridades de aviação dos Estados Unidos e fontes ligadas ao Wall Street Journal, indicam que o comandante Sumeet Sabharwal, do voo AI 171, teria desligado manualmente os interruptores de combustível dos dois motores (Fuel Control Switches) do Boeing 787-8 Dreamliner depois da decolagem.
A gravação da caixa-preta, registra o copiloto Clive Kunder, alarmado: “por que você moveu os switches para a posição de corte?”
O relatório preliminar do Aircraft Accident Investigation Bureau (AAIB) da Índia confirma que os switches foram movidos da posição “run” (ativado) para “cutoff” (desativado) com aproximada simultaneidade — um segundo de diferença entre os motores — e depois retornaram em cerca de 10 segundos.
Como os interruptores necessitam de dois movimentos distintos para serem ativados, uma desativação involuntária na cabine se tornou menos provável.

Segundo os investigadores, o copiloto era quem pilotava o avião — função chamada na aviação de “pilot flying”. Por isso, analistas de segurança aérea afirmam que o movimento é mais compatível com ação do comandante, que durante o voo executava a função de operar as comunicações e monitorar informações no painel, como a velocidade. Esta função é chamada de “pilot monitoring”.
Após a perda de potência, uma turbina de emergência, da sigla em inglês RAT (ram air turbine) foi acionada, e os motores chegaram a religar sozinhos — mas o avião estava muito baixo e lento para recuperar o empuxo necessário, que resultou no impacto fatal em um prédio próximo ao aeroporto de Ahmedabad, na Índia. O voo seguiria para Londres.
A Air India, por meio de seu CEO Campbell Wilson, ressaltou que o relatório preliminar não identificou falhas mecânicas ou problemas de manutenção, e solicitou cautela para evitar conclusões precipitadas.
A investigação, que conta com apoio do Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB) e outras agências internacionais, permanece aberta e pode levar meses até chegar a um relatório final. Também está sob avaliação se houve falha humana, erro técnico ou manipulação intencional dos controles de combustível.
A investigação inicial mostra que os interruptores de controle de combustível do Boeing 787-8 Dreamliner, de matrícula VT-ANB, foram desligados imediatamente após a decolagem do avião.
Como e por que os interruptores foram desligados — interrompendo o fluxo de combustível para os motores — são agora as principais linhas de investigação a serem seguidas. As autoridades investigam se a interrupção do fornecimento de combustível poderia ter sido resultado de uma falha nos sistemas do avião ou erro humano.
Embora os novos detalhes acrescentem uma nova perspectiva sobre a confusão na cabine durante os 32 segundos entre a decolagem e a queda, os investigadores ainda não tiraram nenhuma conclusão definitiva.
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No início desta semana, a autoridade de aviação civil da Índia ordenou uma inspeção dos interruptores de combustível da cabine das aeronaves Boeing 737 e 787 que operam no país, em um esforço para verificar se o acidente foi causado por falha de equipamento.
Psicólogos da aviação e especialistas médicos também estão envolvidos na investigação — uma prática comum na indústria da aviação — para investigar o papel dos pilotos no acidente.
O primeiro oficial expressou surpresa ao ver que os interruptores de combustível estavam desligados e, em seguida, entrou em pânico, informou o Wall Street Journal, citando pessoas familiarizadas com a avaliação inicial das evidências feita por autoridades americanas. O capitão parecia permanecer calmo, segundo a reportagem. A Associação de Pilotos de Linha Aérea da Índia rejeitou a hipótese de ação humana como causa.
O AAIB não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários enviados fora do horário comercial normal. O Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA, que está auxiliando na investigação, encaminhou as perguntas às autoridades indianas. A Boeing também encaminhou as perguntas ao AAIB. A Air India e a GE Aerospace, que fabricaram os motores, não quiseram comentar.
O CEO da Air India, Campbell Wilson, afirmou em um memorando aos funcionários na segunda-feira que o relatório não identificou nenhuma causa e não fez nenhuma recomendação. “Peço a todos que evitem tirar conclusões precipitadas, pois a investigação está longe de terminar”, disse ele.
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