Profissionais da aviação que estiveram na pista do Galeão onde um Boeing 737 MAX 8 da Gol atingiu uma viatura do aeroporto quando corria para a decolagem ficaram impressionados por não haver feridos na cena da ocorrência — abaixo, assista ao vídeo e veja a destruição da aeronave. “Imagine uma aeronave em corrida de decolagem a mais de 100 nós (185 km/h) com o tanque cheio de QAV [querosene de aviação] bater em uma caminhonete no meio do caminho. Pense no impacto. Essas pessoas nasceram de novo”, disse ao blog sob condição de anonimato um técnico que trabalha para a RioGaleão, concessionária que administra o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro.O acidente foi registrado no final da noite desta terça-feira (11) quando o voo G3 1674 da Gol, operado por um Boeing 737 MAX 8 que ia para Fortaleza, atingiu uma viatura de inspeção do aeroporto na pista. Essa situação é conhecida da aviação como incursão em pista, quando uma viatura ou aeronave ingressam na pista com outro veículo já ocupando a pista.“Por sorte não atingiu a bequilha [trem de pouso dianteiro]. E a pista é extensa, do contrário o resultado teria sido outro”, disse ao blog um outro profissional da aviação que analisou as imagens da ocorrência. “A operação dos pilotos da Gol foi digna de elogios. Abortar naquelas condições exige muita perícia”, assegurou.A pista onde ocorreu o incidente, com as cabeceiras 10 e 28, tem uma extensão de 4.000 metros, ou 13.123 pés. É uma das maiores do país.As causas da colisão estão sendo investigadas. A presença de um carro de serviço no mesmo instante em que um avião foi liberado para a decolagem intriga os investigadores.“A viatura deve seguir as mesmas regras da aeronave, para em um ponto de espera, chama a torre de controle, se identifica e solicita o ingresso na pista, justificando o motivo. Recomenda-se fortemente que a viatura tenha um rádio na escuta permanente da torre”, explica Fernando Siqueira, Engenheiro Aeronáutico e especialista em Operações Aeroportuárias e Segurança Operacional.Imagens do avião, a que o blog teve acesso, mostram um dano significativo na “barriga” da aeronave — um pouco a frente do trem de pouso central — com a marca de tinta amarela, cor do veículo de inspeção do aeroporto, pregada na fuselagem. O Boeing 737 MAX 8 com capacidade para 196 passageiros opera na Gol por sistema de leasing, quando a companhia paga ao dono do avião pela utilização, e tem apenas 1 ano de fabricação.A caminhonete que operava a serviço do aeroporto ficou totalmente destruída. A viatura é utilizada na maioria das vezes para inspecionar questões técnicas da pista, como o balizamento (luzes sinalizadoras ao longo do asfalto), presença de objetos ou animais no asfalto que apossam trazer algum risco à segurança das operações.