Mobilidade Urbana: Desgoverno na pandemia, vá de moto
Sociedade quarentenada é salva pela delivery, moto é o único transporte que cumpre o distanciamento social, economiza tempo, é mais barato que transporte público, reduz o trânsito e colabora com meio ambiente
Moto Segurança e Trânsito|André Garcia, do R7
O povo brasileiro paga caro, muito caro com a pandemia do Coronavírus (COVID19), dado a irresponsabilidade de seus governantes e, é bem verdade, sua conivência.
Para realizar as Olimpíadas do Rio de Janeiro foram gastos cerca de R$ 40 bilhões de reais, dos quais segundo o Instituto Ethos 43% foi com recursos públicos ou cerca de R$ 17,2 bilhões de reais.
Já, para a Copa do Mundo foram gastos R$ 31 bilhões de reais, dos quais R$ 8,384 bilhões em estádios de futebol. Segundo o mesmo Instituto Ethos, apenas 17% foi com recursos privados.
Quando o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, declarou o colapso da rede pública de saúde, o que significa não ter leitos de UTI para seus doentes cidadãos, me veio e mente o estádio da cidade, a Arena da Amazônia, considerado o mais bonito estádio da Copa do Mundo de 2014, um elefante branco subutilizado que custou aos cofres públicos algo em torno de R$ 690 milhões de reais atualizados até 2014. Vale lembrar que o atual prefeito era Senador da República pelo Estado do Amazonas entre 2003 à 2011, elegendo-se prefeito em 2012 e reeleito em 2016.
Poderia mencionar outros exemplos, mas Manaus foi a primeira capital a colapsar, no entanto, não podemos esquecer do Estado de São Paulo, epicentro da doença no Brasil, cujo governador, João Dória, na sua megalomania pela Presidência do Brasil, aproveitando o negacionismo do Presidente da República, mesmo com todas as notícias sobre o CORONAVÍRUS e com ajuda de seu fiel escudeiro, prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas, fez a capital se tornar o maior Carnaval de rua do Brasil.
É bem verdade que a OMS declarou estado de epidemia em 11 de março de 2020, no entanto, já é público e notório que tal declaração veio tarde, segundo o então Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta que afirmou: “Acho que a OMS demorou para decretar pandemia. Lá atrás, nós já tínhamos decretado emergência sanitária de interesse nacional”. A emergência sanitária mencionado nada mais é que a Lei 13.979 de 06 de fevereiro de 2020, bem antes do Carnaval, que serviu tardiamente como fundamento do Decreto 64.881 de 22 de março de 2020, pelo Governador de São Paulo determinando quarentena em todo território estadual.
Quando o mesmo governador João Dória declara a reabertura como “quarentena inteligente”, abre brecha para interpretar que a quarentena decretado em 22 de março é o antônimo da atual, contudo, como cidadão pensei que a gestão já estivesse monitorando por região e temos que confiar que a decisão estava sendo embasada na ciência, como muito falado, para determinar o fechamento de tudo. Ou seja, o que devia ter sido feito lá em fevereiro, está se fazendo agora e tudo indica que saiu do controle, sendo imposto sacrifício a população sem qualquer contrapartida e pior, quebrando toda rede econômica do Estado que sustenta o Brasil, já que em fevereiro o correto era cancelar o Carnaval, talvez decretar o lockdown só da região metropolitana e monitorar todas as demais cidades com as bandeiras amarela, laranja e vermelha, já que temos cidades do interior que ainda não teve um único caso da doença.
Mobilidade em meio e pós-pandemia
Feitas essas considerações, necessário lembrar que no Brasil a condição socioeconômica da hierarquia social tem sido preponderante para ficar ou não em quarentena dentro de casa.
Estamos todos no mesmo mar, mas em barcos diferentes. As classes média e alta que moram em melhores bairros estão mais pertos dos polos de trabalho e educação, porém, contam com transporte individual (automóvel, motocicleta ou aplicativo), enquanto a classe popular relegada à periferia tem como principal meio de mobilidade o transporte público. Assim, mesmo classes alta e média que utilizavam transporte público, deixaram de usar durante a pandemia, mas a classe mais pobre por falta de opção, continua utilizando seu único meio de mobilidade.
Não faz sentido a diminuição da frota de ônibus e vagões de metrô e trem, sob o argumento de manter as pessoas em casa, assim como o mega rodízio foi a maior estupidez dos últimos tempos, tirando pessoas do transporte individual para o coletivo com redução de frota.
Quando você vê o Secretário de Transportes e Mobilidade da cidade de São Paulo em entrevista afirmando que não pode aumentar o número da frota de ônibus, acima de 60% e na esfera estadual metrô e trem com redução de vagões, não é possível cogitar que há alguma cuidado dos governos municipal e estadual para com o cidadão. A questão é ética: o cidadão pode correr risco, mas o Estado e Município não podem arcar com “prejuízo”. Prejuízo que na realidade é um investimento para não sobrecarregar o sistema de saúde, já que quanto maior o distanciamento menor o contágio. Os discursos dos Srs. Governador e Prefeito de São Paulo quanto ao respeito a ciência não é aplicado no transporte público.
Diante de uma gestão pública priorizando a rentabilidade do transporte público em detrimento da saúde pública, como faz o Secretário de Transportes e Mobilidade de São Paulo, a tendência é aumentar a procura por transporte individual.
Não tenho dúvida que a alternativa mais acessível para a classe pobre é a motocicleta que reduz o contágio já que não há preocupação com distanciamento social durante o trajeto, economiza tempo, é mais barato que transporte público, reduz o trânsito e colabora com o meio ambiente por ficar pouco parado e atender as normas do PROMOT4, o que significa que em um trajeto de 10km polui e consome menos combustível que um automóvel.
As empresas de transporte e autoridades só tem um caminho: grande oferta de transporte público. E quando falo em grande oferta, é não vermos mais seres humanos como sardinhas em lata.
Não tenho dúvida de que surgirão novos modais de mobilidade urbana, contudo o grande problema no Brasil é, infelizmente, o excesso de regras que prejudica muito qualquer iniciativa, vide o patinete elétrico, que bastava limitar velocidade, local de utilização e determinar o uso de capacete, mas, criou-se tamanha celeuma que inviabilizou o negócio.
Bicicleta é outra excelente alternativa, apesar da topografia montanhosa da cidade, mas é necessário criar ciclovias e não ciclofaixas que podem ser invadidas a qualquer momento por um automóvel.
Assim, se a motocicleta tem sido a salvação da sociedade quarentenada graças ao delivery, não resta dúvida que o veículo de duas rodas à combustão é a melhor alternativa de mobilidade, no mundo pós-home office, especialmente quando se pensa na necessidade do distanciamento social, momento mais do que oportuno para discutir a modificação da categoria B da CNH, permitindo a condução de scooter (motoneta) até 300 cilindradas, assim como já acontece na Itália e Espanha e por mim sugerido em 2013 na edição 218 da Revista Moto!, click aqui.
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