Conheça a jornada inspiradora de Chris Morais, a pecuarista que levou o rosa ao agro
Engenheira civil, produtora rural e pecuarista sustentável, ela é sinônimo de mulheres que transformam o campo com coragem e determinação

O Mundo Agro esteve em Barretos para conhecer o Aerorancho, da Chris Morais.
Saímos do hotel e seguimos rumo à fazenda, que fica a 20 minutos do Parque do Peão. Passamos pelo aeroporto da cidade e me deparei com a cerca marcada com tinta cor de rosa. Imaginei: é aqui a fazenda da Chris.
RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Ela tem uma paixão pela cor rosa desde a infância. Praticamente tudo na fazenda — nos carros e nela também — tem rosa.
Você, leitor, já conhece quem é ela, mas assunto não vai faltar. Chris é sinônimo de inovação, criatividade e super engajada no setor e em questões sustentáveis.
Nossa conversa foi cheia de emoção, muito conhecimento e a força da mulher no agro. Ah, e foi regada a muito café, claro.
Chris nasceu em São Paulo, formou-se em engenharia civil, viajou pelo mundo e trabalhou em multinacionais. A família sempre atuou no agronegócio. Ela é presidente da Câmara da Carne Bovina da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, além de integrar outros dez conselhos de entidades do agronegócio, engenharia e associações comerciais.

Chris é uma pecuarista sustentável. O Mega Lavoura de Arroba é o projeto de produção de pecuária de corte sustentável que produz e vende carcaça e couro com sustentabilidade. A fazenda é certificada no CAR pelo Código Florestal Brasileiro.
Pegue seu café e aproveite o nosso bate-papo.
Mundo Agro: O que as pessoas esquecem quando olham para um prato de comida?
Chris Morais: Elas esquecem que cada alimento tem uma história, um tempo e um custo. A carne, por exemplo, tem o ciclo mais longo: gestação, criação, alimentação... O arroz, o frango, os ovos, as hortaliças — todos têm seu tempo próprio de produção. Nada aparece ali por acaso.
Mundo Agro: E como o “tarifaço” de 50% dos EUA afeta o agro brasileiro?
Chris Morais: Afeta diretamente. Exportamos a carne do dianteiro do boi, que vira o hambúrguer, para os Estados Unidos, que são grandes consumidores. Eles compram cortes diferentes dos que consumimos aqui — muita carne vai para hambúrguer. Já a União Europeia compra carne mais nobre. Tudo isso impacta nossos mercados.
Mundo Agro: O que diferencia o Brasil na produção de carne?
Chris Morais: A qualidade dos cortes e o gosto do consumidor. No Brasil consumimos picanha, miolo de alcatra, colchão mole. Já os americanos consomem muita carne processada, como hambúrguer. O Brasil aprendeu a oferecer os dois tipos e conquistar mercados diferentes.
Mundo Agro: Você também é engenheira civil. Como isso se conecta ao agro?
Chris Morais: A engenharia me ensinou disciplina, técnica e tomada de decisão. Hoje aplico esse conhecimento no campo. Mas respeito total ao agrônomo, que entende da terra, do solo e das plantas. Toda decisão é técnica e coletiva. E a conta tem que fechar; senão, não dá para seguir.
Mundo Agro: Qual é a importância das mulheres no campo hoje?
Chris Morais: Fundamental. Conheço muitas produtoras rurais incríveis — do ovo à hortaliça, do gado à cana. São mulheres que lideram, inovam e transformam. A presença feminina no agro é cada vez mais forte e inspiradora.

Mundo Agro: Você falou da produção de cachaça sustentável. Pode explicar?
Chris Morais: Sim! Fizemos uma cachaça rosa à base de pitaia, limão-siciliano e abacaxi. É um colab sustentável, com sachê de frutas vermelhas e pirulito de beterraba. Tudo pensado para ser bonito, gostoso e com origem no campo. A cor rosa simboliza nossa força feminina também.
Mundo Agro: O Aerorancho implantou o sistema Caxambu, que utiliza tubos de PVC e pedras para formar uma barreira que impede a contaminação por resíduos, matéria orgânica e agentes patogênicos, permitindo a captação e o uso sustentável da água, sem interferir no seu fluxo natural. O Mundo Agro já falou sobre essa iniciativa aqui. O que representou pra você?
Chris Morais: Iniciamos um projeto lindo, na primeira semana de julho, de preservação de nascentes com apoio da prefeitura, órgãos e produtores. Só nessa semana, mais de dez propriedades me procuraram e adotaram o mesmo modelo. Estamos recuperando nascentes que abastecem 65% da água da cidade.

Mundo Agro: Como está a situação da produção de borracha no Brasil?
Chris Morais: Grave. Enfrentamos uma das maiores crises dos últimos anos. A borracha natural, nativa do Brasil, está ameaçada pela possível queda da alíquota de importação. Se isso acontecer, muitos produtores ameaçam arrancar as árvores. A produção brasileira pode parar — e sem borracha, o mundo para também: pneus, luvas, seringas, tudo depende dela.
Mundo Agro: E como o produtor rural brasileiro se destaca?
Chris Morais: Somos os únicos no mundo que produzem alimentos em escala e ainda preservam a floresta e a água. A rastreabilidade que fazemos aqui, nenhum outro país faz. Se a Europa quer sustentabilidade, tem que valorizar quem já pratica isso há muito tempo.
Mundo Agro: Qual é sua mensagem final sobre sustentabilidade?
Chris Morais: Cada um tem que fazer sua parte. No campo estamos fazendo: protegendo nascentes, reflorestando, usando biocombustíveis. Agora, e o consumidor? E as empresas? A responsabilidade é coletiva. Boas práticas precisam ser multiplicadas — e todo mundo tem um papel.

Mundo Agro: Como funciona o planejamento e controle na fazenda?
Chris Morais: Tudo é feito com conectividade, planilhas, sistemas e uma lógica simples de “débito e crédito”. Mesmo com alta tecnologia, se o básico não estiver correto, o prejuízo acontece. Um exemplo foi a geada recente que queimou pastagens, afetando a produção e exigindo replanejamento.
Mundo Agro: O que é feito para manter a pastagem saudável?
Chris Morais: Utilizamos sistema de rotação de pastagem para evitar compactação e desgaste das gramíneas. É importante respeitar o tempo da natureza.
Mundo Agro: Como a fazenda lida com rastreabilidade e certificações?
Chris Morais: Todos os animais são registrados nos sistemas do Ministério da Agricultura e do Estado de São Paulo. Para vender para fora, é necessário comprar bezerros certificados e com origem comprovada.
Mundo Agro: Qual foi o impacto da geada recente na operação?
Chris Morais: A geada queimou a pastagem, impactando o planejamento da entrada de novos bois.
Mundo Agro: O que é a “Mega Lavoura de Arroba”?
Chris Morais: É o nome do sistema produtivo da fazenda, um modelo de semi-confinamento, voltado para maximizar a produção de arrobas por área. Tudo é pensado para que a gramínea se transforme em carne com o menor custo e maior aproveitamento possível.
Mundo Agro: Como a fazenda lida com sustentabilidade ambiental?
Chris Morais: Cuidamos das nascentes, preservamos florestas e adotamos práticas ambientais rígidas. As certificações garantem que couro e carne sejam sustentáveis, exigência dos compradores estrangeiros. A sustentabilidade foi essencial para abrir novos mercados.
Mundo Agro: Como é a estrutura tecnológica da fazenda?
Chris Morais: A fazenda possui internet de altíssima velocidade, com conexão dedicada de até dois teras, viabilizando sistemas de controle, rastreamento e análise de dados. Tudo começa com análise de solo e planejamento territorial.
Mundo Agro: Qual é a sua motivação para seguir em frente?
Chris Morais: A fé em Deus, o amor pelas pessoas e a vontade de transformar o agro com ciência, tecnologia e sustentabilidade.
✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp















