Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Com foco em sustentabilidade, TOP CHOICE se prepara para abastecer o Brasil com alimentos plant-based de alta performance

A empresa aposta na produção de alimentos vegetais 100% naturais e ricos em proteínas, para expandir sua presença no mercado brasileiro

Mundo Agro|Fabi GennariniOpens in new window


A cadeia agroalimentar está em transformação. E a TOP CHOICE, empresa especializada na produção de alimentos 100% vegetais, livres de glúten e com alto teor de proteína, quer ocupar posição de destaque nesse novo cenário.

Com uma planta industrial no Paraguai que opera exclusivamente com energia renovável, a marca de alimentos plant-based se prepara para iniciar operações no Brasil em 2025, mirando uma produção mensal de até 150 toneladas.

Em entrevista ao Mundo Agro, Gianina Hiebert, diretora da companhia, explica como a estratégia paraguaia reduz custos, fortalece a sustentabilidade e amplia o acesso a alimentos saudáveis, acessíveis e com alto valor nutricional. Ela também fala sobre rastreabilidade, desafios logísticos, e o papel dos agricultores na transição para uma alimentação mais consciente no Cone Sul.




Mundo Agro: A nova planta industrial da TOP CHOICE no Paraguai utiliza energia 100% renovável. Como essa escolha impacta a cadeia agroindustrial e a sustentabilidade do setor de alimentos?

Gianina Hiebert: A nova planta de alimentos congelados a base de proteína vegetal, localizada no Paraguai, opera com 100% de energia renovável. Essa conquista é possível graças à matriz energética do país, que, comparada com a da Islândia, é uma das únicas no mundo a alcançar esse nível de sustentabilidade.


O impacto ambiental positivo desse modelo de produção está em total sintonia com o propósito da empresa: promover a sustentabilidade em todas as etapas envolvidas na fabricação dos alimentos. O objetivo é claro — gerar um ciclo virtuoso que respeite o meio ambiente sem comprometer a qualidade ou o valor nutricional dos produtos.

Diante dos desafios climáticos globais, acreditamos que o caminho rumo à sustentabilidade deve ser uma responsabilidade compartilhada por todos os produtores de alimentos. Afinal, a indústria alimentícia está entre as que mais consomem energia em relação ao valor agregado dos produtos entregados à sociedade.

Mundo Agro: Quais são os principais ingredientes utilizados na produção dos alimentos plant-based da TOP CHOICE? Eles são cultivados localmente no Paraguai ou importados de outros países, incluindo o Brasil?

Gianina Hiebert: Os ingredientes que utilizamos são todos naturais, livres de transgênicos e glúten. Trabalhamos com extratos de vegetais, especiarias naturais, vegetais em pó, proteína de soja e óleos vegetais. Sempre que possível, priorizamos matérias-primas de origem local e, em casos como o da soja, utilizamos insumos provenientes do Mercosul.

Com muito esforço, estamos desenvolvendo uma rede de produtores locais que nos permita oferecer produtos cada vez mais frescos e de alta qualidade. Nossa visão de responsabilidade social é muito sólida: buscamos formalizar e capacitar esses produtores para que possam comercializar suas colheitas com dignidade, recebendo preços justos de mercado — algo que muitas vezes não é possível, e atualmente devido à informalidade predominante no setor.

Mundo Agro: Como a instalação da planta no Paraguai contribui para a redução de custos na cadeia agroalimentar e melhora a competitividade frente aos produtos plant-based produzidos no Brasil?

Gianina Hiebert: Além das vantagens em sustentabilidade energética, estabelecer nossa operação no Paraguai representa um diferencial competitivo significativo em comparação aos custos de produção no Brasil. O país oferece benefícios fiscais relevantes, custos energéticos altamente competitivos, um custo de vida aproximadamente pela metade em relação ao brasileiro e um ambiente de trabalho mais simples, sem a presença de sindicatos.

Essa estrutura nos permite levar ao Brasil um produto com excelente perfil nutricional e de alta qualidade, a um preço realmente competitivo quando comparado com similares produzidos localmente. Parte do nosso propósito é justamente democratizar esse nicho de alimentos, que até agora não se popularizou devido à barreira de preço.

Hoje, esses produtos ainda são inacessíveis para grande parte do público. Nosso objetivo é romper essa barreira e tornar a alimentação saudável, sustentável e baseada em plantas uma opção viável para todos.

Mundo Agro: A produção mensal de 150 toneladas, com possibilidade de expansão, exige uma logística robusta. Como a TOP CHOICE planeja operar essa logística, principalmente em relação ao abastecimento do mercado brasileiro?

Gianina Hiebert: Neste momento, estamos nos preparando para entrar no mercado brasileiro. Nossa primeira importação está prevista para julho deste ano. Estamos em busca de parceiros locais com ampla experiência na distribuição de alimentos congelados, para desenvolver a marca em nível nacional.

Acreditamos que, com a capacidade de produção que temos atualmente, estamos mais do que preparados para iniciar esse processo no Brasil. Caso tudo ocorra conforme o planejado e consigamos impulsionar a marca com um parceiro brasileiro estratégico, teremos a possibilidade de dobrar nossa produção por meio de algumas aquisições adicionais para a planta industrial. Seria, sem dúvida, o melhor tipo de desafio a enfrentar.

Mundo Agro: Os produtos da TOP CHOICE são livres de OGMs e glúten. Como é feita a rastreabilidade e o controle de qualidade dos insumos agrícolas para garantir essa conformidade?

Gianina Hiebert: Todos os nossos insumos são certificados como livres de OGM (organismos geneticamente modificados) e glúten. Isso nos garante que a rastreabilidade seja realizada de forma rigorosa, seguindo os padrões exigidos pelos organismos certificadores.

Mundo Agro: Quais são os desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro com a chegada de alimentos plant-based de alta performance produzidos no Paraguai?

Acreditamos que o mundo tende, naturalmente, a operar da forma mais eficiente possível quando se trata de comércio aberto. É nesse contexto que surge o conceito de vantagens competitivas. Elas são fundamentais para garantir o abastecimento de produtos que um país não consegue produzir com a mesma eficiência que outro, elevando, assim, o custo de oportunidade.

Entendemos que, se somos mais competitivos na produção deste nicho de alimentos voltado ao mercado brasileiro, o Brasil pode incorporar essa oferta de forma eficiente e direcionar seus recursos produtivos para setores nos quais possua maior vantagem competitiva em relação a outros países. Os recursos são finitos, e o essencial é alocá-los onde o país tem maior capacidade de gerar valor.

O único fator que pode distorcer ou interferir nesse equilíbrio são os impostos estabelecidos pelos governos, muitas vezes utilizados para proteger determinados setores da concorrência externa. Por isso, decidimos instalar nossos escritórios no Brasil, especificamente em Santa Catarina, de modo a otimizar a eficiência tributária nas operações de importação.

Mundo Agro: A TOP CHOICE busca democratizar o acesso à alimentação saudável. Como essa missão pode influenciar a produção agrícola de base vegetal no Brasil e no Cone Sul? Como a empresa enxerga o papel dos agricultores e produtores rurais na transição para uma cadeia de alimentos mais sustentável e plant-based?

Gianina Hiebert: Nossos produtos a base de proteína vegetal foram desenvolvidos para coexistir harmoniosamente com toda a gama de alimentos tradicionais de origem animal. Acreditamos que o equilíbrio entre esses dois mundos — o vegetal e o animal — é fundamental para uma alimentação mais saudável e sustentável.

Nosso objetivo não é substituir, mas sim complementar. Queremos introduzir a ideia de que é possível enriquecer as dietas baseadas em proteína animal com nossos produtos vegetais, promovendo uma abordagem mais consciente, flexível e equilibrada à nutrição do dia a dia.

Essa complementaridade contribui diretamente para a busca por dietas mais saudáveis e equilibradas, além de reduzir a pegada de carbono. Cada grama de proteína vegetal colhida requer, em média, dez vezes menos água do que a produção da mesma quantidade de proteína de origem animal. Basta imaginar a quantidade de água e pasto que uma vaca consome durante seu período de engorda, somada à água utilizada em todo o processo de abate e limpeza — o impacto final é imenso.

Em relação aos produtores locais, entendemos que a transformação rumo à sustentabilidade plena é um processo longo. No momento, estamos no caminho certo para alcançá-la, passo a passo.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.