Operação contra PCC expõe problemas entre as forças e necessidade de maior integração nacional
Maior operação contra crime organizado teve 3 coordenações diferentes, alvos em comum, suspeita de vazamento e 8 foragidos

Pouco antes das 6 horas desta quinta-feira (28), homens do Ministério Público de São Paulo, da Polícia Federal e da Receita Federal já estavam nas ruas para cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão de pelo menos 350 alvos.
Desta vez não era apenas uma operação, mas três. Operação Quasar, coordenada pela Delecor da superintendência da PF em São Paulo, a Operação Tank, coordenada pela DRPJ da superintendência da PF no Paraná, e a Operação Carbono Oculto, coordenada pelo Gaeco, do Ministério Público de São Paulo.
Em comum, todas tinham o mesmo teor investigativo: lavagem de dinheiro do crime organizado, migrando para o mercado legal dentro do setor de combustíveis.
O alcance das operações foi enorme, e a eficácia também. Mas os problemas não podem ser ignorados.
Às 6 horas, informações importantes da operação do Ministério Público já estavam no ar em alguns sites. Pouco mais de uma hora depois, o ministério da Justiça e Segurança Pública convocou jornalistas para uma entrevista coletiva às 11h. Mesmo horário em que o Ministério Público de São Paulo faria a coletiva sobre a operação carbono oculto.
Para fontes no Ministério Público, “a PF marcar uma coletiva no mesmo horário que a do MP constrangeu a Receita, as outras instituições e os próprios delegados federais”.
Já na PF, os burburinhos são de que a comunicação da operação do Ministério Público teria atrapalhado a prisão de oito dos 14 alvos de prisão.
Segundo um policial federal, sob anonimato, “é o que se vê quando suspeitos com alto poder aquisitivo sabem que são alvo antes de batermos à porta”, sugerindo que um vazamento de informações teria provocado a fuga de alvos.
Em uma tentativa de apaziguar as relações, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, enalteceu o trabalho integrado de órgãos fazendários de todas as forças envolvidas nas três operações. Ele afirmou que a aprovação da PEC da segurança pelo Congresso Nacional é primordial para aprimorar o combate ao crime organizado. Mas é o projeto antimáfia que tem provocado maior discordância entre o MJSP e o Ministério Público.
A criação de uma agência antimáfia para enfrentar facções criminosas é uma demanda de gestores da segurança pública, mas não conta com a aprovação de membros importantes do executivo federal, como o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos. Ele declarou em um evento esta semana que “alguns, por interesses desconhecidos, querem criar uma nova agência para combater crime organizado” e afirmou que “essa agência já existe e é a Polícia Federal”.
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