Rodrigo Giannetto, diretor do documentário O Grito – regime disciplinar diferenciado, que trata da situação precária do sistema penitenciário nacional, teve passagens compradas por olheiro do PCC envolvido na morte de Vinicius Gritzbach. Ao blog, Giannetto nega.Ele diz estar estarrecido e que lamenta a exposição pessoal e da carreira dele e da equipe de profissionais envolvidos no filme. Afirmou que uma pessoa ligada a ONGs indicou uma agência de viagens que faria um bom preço e que, quando foi pagar, as passagens para a Itália já estavam quitadas. Ele entendeu, então, que tratava-se de um incentivo ao filme, atualmente exibido pelo streaming Netflix.As informações sobre a compra das passagens estão no relatório da operação Fake Scream (Falso Grito) da Polícia Civil de São Paulo com o Ministério Público, que investiga a ONG Pacto Social & Carcerário de SP. Dirigentes da ONG ouvidos no documentário foram presos por envolvimento com o crime organizado. O relatório da polícia aponta que no dia 4 de outubro de 2024, Kauê do Amaral Coelho efetuou o pagamento do montante de R$ 18.350,00 (dezoito mil trezentos e cinquenta reais) para aquisição de passagens aéreas com destino ao continente europeu em favor de Rodrigo Gianetto. Kauê foi preso por participar do assassinato do delator do PCC, Vinicius Gritzbach, como olheiro da facção no aeroporto de Guarulhos para avisar quando o Gritzbach desembarcasse.O documentário O Grito foi produzido em parceria com a produtora K2, ligada ao filho de Marcinho VP, o rapper Oruam, que também aparece no filme.Giannetto viajou no dia 6 de outubro do ano passado para a Itália, onde participou do Festival Internazionale Nebrodi Cinema. A produção brasileira recebeu menção honrosa no festival. O Grito também recebeu menção honrosa no Festival International de Cinéma et Mémoire Commune, no Marrocos. Anticensura Film Festival e LA Film & Documentary Award (EUA) e CinemaKing International Film Festival, em Bangladesh. Foi vencedor como melhor documentário no FIDBA, na Argentina, Buenos Aires.“O Grito” é um filme que tratou de um assunto muito impopular e muito delicado de lidar e portanto foi produzido com muita responsabilidade por profissionais, jornalistas competentes.Como todo trabalho jornalístico, pesquisamos e tivemos que apurar muito sobre o assunto que formatou uma reflexão importante sobre direitos humanos. Nessa jornada de busca para fazermos um grande filme conhecemos o trabalho de diversas ONGs relacionadas ao tema, assim como outros participantes como autoridades, artistas, agentes penitenciários e familiares de presos famosos.Entre tantas pesquisas e entrevistas, nos deparamos com a história da ONG Pacto Social que tinha uma boa história, se mostrou acolhedora de familiares de presos e muito atuante na defesa deles, inclusive própria história do Sr Geraldo mostrou um exemplo importante de ressocialização, daí concordamos que uma participação da ONG seria importante para construção do documentário, assim como também foi com autoridades da área jurídica, autoridades do sistema de justiça, penitenciário e artistas.Específico sobre a ONG Pacto Social recebemos com tristeza a prisão dos responsáveis pois a nós e nosso filme ajudaram como fonte de pesquisas a dar um panorama sobre a rotina de familiares de presos. O filme foi importante para esse debate, dando voz a todas as partes relacionadas ao assunto e teve repercussão em festivais de cinema internacionais e toda viabilização das viagens foi realizada de forma lícita.As passagens aéreas me foram viabilizadas entendi como incentivo a representar o filme em um festival internacional. Me indicaram uma agência com bons preços e que já tinham bons descontos de milhagem daí quem entrou em contato comigo foi a Agência e foi a agência que emitiu e me enviou os bilhetes. Quando fui fazer o pagamento ele já havia sido quitado, daí recebi e entendi como um apoio para essa representação minha no festival. Todos os outros custos da viagem foram custeados por mim, inclusive.Não conhecemos os processos e envolvidos com a ONG Pacto Social em sua área interna, equipe administrativa, nós da produção desconhecemos o citado na matéria Kaue e outras pessoas e equipes internas da Ong, mas estou a disposição para ajudar e qualquer esclarecimento sobre o caso.Meu papel de diretor e produtor é técnico e direcionado a condução do filme e o pagamento de minha passagem aérea pela ONG em nada prejudica o trabalho que foi bem executado profissionalmente.Não tenho nenhuma relação com qualquer questão que envolve crime organizado, tenho 25 anos de uma carreira íntegra e de muitos filmes e séries dirigidos.O filme beneficia uma reflexão para a melhora do sistema penitenciário tanto para agentes penitenciários como para familiares dos presos. Acredito que filmes como esse venham a contribuir para a melhora de condições para toda sociedade. “Rodrigo Giannetto, Real Filmes Produções.