Brasil e Israel se reaproximam com visita de chefe do Itamaraty
Aloysio Nunes Ferreira teve conversas com o presidente e o primeiro-ministro israelenses, reforçou parcerias e conheceu instalações do país
Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky
Em visita de reaproximação entre Brasil e Israel, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, ressaltou que, nestas questões que envolvem Israel, o Brasil não votará mais de forma automática nos foros internacionais, referindo-se a posicionamentos do país na Unesco, que foram contrários à soberania israelense sobre Jerusalém. O governo brasileiro analisará as votações caso a caso.
Nunes Ferreira conversou , na terça-feira (27), com o presidente Reuven Rivlin e posteriormente se encontrou com o primeiro-minstro Benjamin Netanyahu, que aceitou um convite do governo brasileiro e deverá visitar o Brasil até o final deste ano, o que seria a primeira visita de um premier israelense ao País. Netanyahu declarou:
— Israel está muito interessado nos contatos com o Brasil e acredita em seu potencial.
Em setembro, Netanyahu visitou Argentina, Colômbia e México, na primeira viagem oficial de um primeiro-ministro israelense à América Latina, mas o Brasil ficou de fora. Para Fernando Lottenberg, presidente da Conib (Confederação Israelita do Brasil), presente na reunião a convite do ministro, o saldo da conversa foi muito positivo, no sentido de restabelecer o forte vínculo que ambos os países mantiveram até alguns anos atrás.
— Você sente dos dois lados, nas duas reuniões, um interesse grande de retomar a relação entre os dois países nos patamares históricos. Os dois lados têm interesses em comum e querem recuperar plenamente parcerias em tecnologia de cibersegurança. Temos uma pauta de interesses comuns e valores compartilhados.
As duas partes, segundo Lottenberg, falaram de forma aberta, buscando deixar para trás algumas questões delicadas, como, além do posicionamento do governo em votações internacionais, a negação do governo brasileiro, na época sob a presidência de Dilma Rousseff, da nomeação de Dani Dayan como embaixador de Israel, por ele ser um ex-líder de assentamentos além da chamada Linha Verde.
— O presidente disse que não precisamos o tempo todo concordar, podemos discordar às vezes, mas é importante ter o canal aberto e que a relação não se limite à questão política. Há as questões econômicas, culturais em comum, e um importante do laço cultural.
Entre os presentes na reunião, além de Lottenberg, estavam os embaixadores Yossi Shelley (de Israel no Brasil) e Paulo Cezar Meira de Vasconcellos (do Brasil em Israel). Nas conversas, além de parcerias nos setores de segurança, educação e cultura, também foi assinado um acordo de Previdência Social, que mantém os direitos de israelenses que morem no Brasil e brasileiros moradores de Israel.
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Nesta quarta-feira (28), a comitiva do ministro brasileiro fez uma série de visitas a estabelecimentos israelenses, indo à usina de dessalinização, Sorek, no sul do país, e percorrendo Tel Aviv, onde visitaram o Centro Cultural Brasileiro, conhecendo de perto algumas atividades de integração entre os dois países, ligadas ao aprendizado do português, ao teatro e à literatura do país, entre outros temas.
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Lottenberg ressaltou ainda que, enquanto o ministro das Relações Exteriores brasileiro visita Israel, o governo israelense enviou ao Brasil o ministro da Ciência e Tecnologia do país, Ofir Akunis, que nesta quarta-feira teve um encontro com o ministro da Educação brasileiro, para falar sobre assuntos como intercâmbios acadêmicos entre os países.
À distância, o cônsul de Israel em São Paulo e região Sul do Brasil, Dori Goren, também mostrou satisfação com a visita de Nunes Ferreira a Israel.
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— Essa iniciativa é muito importante, há muitos anos não tínhamos a visita de um ministro brasileiro e, do ponto de vista bilateral, isso fortalece a relação entre os países.
Nunes Ferreira, que após a permanência em Israel irá para os territórios palestinos, a Jordânia e o Líbano, é o representante de mais alto escalão que veio a Israel em uma visita oficial desde 2010, quando o então presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva esteve com comitiva em Israel. Em 2016, o então ministro das Relações Exteriores, José Serra, esteve no país, mas para acompanhar o funeral do ex-primeiro-ministro Shimon Peres.
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