Israel testa sua democracia em inédita terceira eleição em um ano
Para cônsul do país, expectativa é de que haja algum tipo de consenso que permita a formação de um governo com estabilidade
Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7
Israel entra, nesta segunda-feira (2), em sua terceira eleição em quase um ano, vivendo a expectativa de que finalmente haja um consenso sobre quem será o primeiro-ministro do país nos próximos quatro anos.
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Nas duas anteriores, realizadas em abril e em setembro de 2019, não foi houve acordo para a formação de um governo, após tentativas dos primeiros colocados, Benjamin Netanyahu, e o opositor Benny Gantz.
Ambos são líderes, respectivamente, dos partidos Likud e Azul e Branco, e terminaram os pleitos praticamente empatados, sem conseguirem obter o apoio de 61 deputados, dos 120 do Knesset (Parlamento), que acabou dissolvido.
"É uma situação complicada, que gerou preocupações e impasse. Por outro lado, deve ser vista como um aprendizado do que é a democracia. Israel está vivendo um momento no qual a democracia está exercendo o seu papel, até que sejam atendidos os anseios da população, em um consenso. Isso faz parte da democracia, são os pesos e contrapesos", ressaltou Alon Lavi, cônsul-geral de Israel em São Paulo e na região Sul do Brasil.
Para Lavi, a expectativa, apesar do equilíbrio que prevalece e dos discursos que não se modificaram, é de que haja algum tipo de consenso que permita o fim das incertezas políticas.
"Israel está vivendo com intensidade essas eleições. A expectativa maior é a de que haja uma decisão em relação à formação de um governo estável, após essas três tentativas."
Nestas últimas semanas, as polêmicas entre as partes aumentaram, com Gantz tendo que demitir seu chefe de campanha, após vazamento de aúdio em que era criticado pelo funcionário. Na conversa exposta, Israel Bachar disse que Gantz não tem coragem de invadir o Irã.
Por outro lado, o primeiro-ministro Netanyahu busca se manter no cargo e ganhar fôlego para se defender das acusações de corrupção, fraude e abuso de confiança que o envolvem.
A Justiça já anunciou que o julgamento contra o mandatário, único chefe de governo na história de Israel a ser acusado durante o mandato, começará no próximo 17 de março, pouco mais de duas semanas após as eleições.
Se Netanyahu não vencer, portanto, a campanha ganhará uma conotação completamente diferente, já que, em meio à exposição de um julgamento, ele estará enfraquecido para a disputa do cargo.
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Netanyahu esteve próximo de se manter no cargo nas eleições de abril, quando o Likud obteve mais cadeiras do que o Azul e Branco, mas perdeu a maioria quando o ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa, Avigdor Lieberman discordou da postura de Netanyahu em relação à base religiosa e deixou a coalizão.
Já no pleito seguinte, o Likud não conseguiu obter a maioria, ficando, inclusive, com uma cadeira a menos do que o adversário.
Diante da expectativa de um novo empate, jornais locais apostam que, desta vez, algum dos lados terá de ceder em negociações, para evitar nova votação popular. E Lieberman, novamente, poderá ser o fiel da balança.
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