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O dia em que o gênio Messi chutou a bola para longe

Às vésperas de completar 32 anos, por sua seleção, o atual maior ídolo argentino errou o gol, na Arena do Grêmio, em jogo da Copa América

Nosso Mundo|Eugenio Goussinsky, do R7

Messi em campo pela seleção na Copa América
Messi em campo pela seleção na Copa América

Canhotinho, o menino adorava passar tardes jogando bola com os primos em ruas e campinhos de terra. Até a lua estampar as águas do rio da Prata com seu brilho branco.

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De mãos dadas com a avó, atravessava ruas de sua cidade para acompanhar os treinos de seu irmão mais velho.

Pequenino, não tinha muita chance de entrar, o que deixava a vó Célia indignada com o treinador.


Quando jogava, inspirado em seu ídolo do futebol, outro canhoto, ele não se importava com saliências, relevos, montanhas, meninos maiores que apareciam à sua frente, como obstáculos para o seu crescimento em campo.

Simplesmente evoluía, pelas ruas de sua cidade, vencendo barrancos, árvores no meio do campo, moitas acumuladas nas laterais, lama. Até mesmo descalço. Com bola de capotão.


Certa vez, um técnico que o observava ficou admirado: de cinco oportunidades, o garoto colocou quatro bolas para dentro.

O tempo passou, o menino cresceu. E, do subúrbio da cidade argentina, já não tendo mais a vó para apoiá-lo, atravessou o oceano, com 13 anos.


Vieram as responsabilidades: treinar, se tratar, seguir um plano. Vieram as glórias. A fama. Os dribles. O dinheiro. Os títulos, individuais e por sua equipe.

Eis que, às vésperas de completar 32 anos, por sua seleção, o agora ídolo argentino errou o gol. Na Arena do Grêmio. Estava fácil. A bola vinda da esquerda quicou. 

E ele tocou quase de canela, para o alto, chutando tão longe que a esfera poderia alcançar o seu passado.

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E encontrá-lo de novo jogando as peladas nas ruas de Rosário. Lá, ele estava acostumado com buracos.

Nem precisava fazer exigências de hotel, de privacidade, de campo perfeito e tudo que veio após a consagração. Tudo tem dois lados, até o estrelato.

Antes, para fazer gol, era só cutucar. Mesmo com morrinho.

Depois do lance, o gênio Messi reclamou do campo. Mas, no fundo, ele estava lamentando o fato de não ser mais aquele menino.

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