Enriquecimento de urânio: os objetivos do Brasil com a energia nuclear
Governo defende que tecnologia integra agenda estratégica de ciência, tecnologia e soberania nacional
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O governo brasileiro pretende avançar em pesquisas sobre enriquecimento de urânio e uso da energia nuclear no Brasil. Segundo entrevista exclusiva feita pelo R7 Planalto com o chefe de gabinete da Amazul (Amazônia Azul Tecnologias de Defesa), Ricardo Ibsen, uma das possíveis aplicações das tecnologias sendo desenvolvidas é a descarbonização e a transição energética.
Ele destaca dois avanços conquistados tanto no domínio do ciclo do combustível nuclear quanto na construção do Laboratório de Geração Núcleo Elétrica, dois pilares fundamentais do Programa Nuclear da Marinha.
Para ele, os avanços nessas frentes demonstram a competência de pesquisadores, engenheiros e técnicos brasileiros e podem resultar em tecnologias para uso civil e militar.
“Tais conquistas produzem efeitos concretos no desenvolvimento científico e tecnológico do país e trazem benefícios diretos à sociedade por meio das aplicações pacíficas da tecnologia nuclear — especialmente nas soluções energéticas que contribuem para o processo de descarbonização e uma transição energética segura e sustentável”, detalha.
Ricardo conta, por exemplo, que a Marinha do Brasil desenvolveu as ultracentrífugas utilizadas na Unidade de Enriquecimento de Urânio. A Amazul, por sua vez, conduz o projeto da Unidade Comercial de Enriquecimento de Urânio, que ampliará significativamente a capacidade nacional de produção.
“A INB (Indústrias Nucleares do Brasil) detém o monopólio da produção de urânio enriquecido e, atualmente, realiza parte das atividades no exterior, devido à limitação da capacidade instalada no país — ainda insuficiente para suprir integralmente a demanda das usinas Angra 1 e Angra 2”, conta.
A pesquisa que está sendo desenvolvida é fundamental para permitir o uso de combustível nuclear para abastecer o Submarino Nuclear Convencionalmente Armado, que será produzido pela Marinha, por exemplo.
Ricardo pontua que o Reator Multipropósito Brasileiro poderá, por exemplo, produzir radioisótopos, essenciais para a fabricação de radiofármacos utilizados em diagnóstico e tratamentos da medicina nuclear.
“Outro ponto relevante é sua capacidade de produzir isótopos aplicáveis à indústria e às pesquisas nas áreas de agricultura e meio ambiente. O RMB também será fundamental para testes de materiais com aplicação na área nuclear e em outros segmentos de alta tecnologia. De forma mais ampla, o reator ampliará a capacidade nacional de pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, servindo como uma ferramenta analítica de grande poder, complementar a outras tecnologias avançadas em uso no país, como o acelerador síncrotron Sirius.”
Receio da população
Ricardo reforça que o Brasil é “signatário de tratados internacionais que asseguram o uso exclusivamente pacífico da energia nuclear”, e que todas as atividades são sujeitas ao licenciamento da ANSN (Autoridade Nacional de Segurança Nuclear) e são inspecionadas pela Agência Internacional de Energia Atômica e pela Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares.
“Além disso, todas as instalações que lidam com materiais radioativos ou nucleares passam por licenciamento ambiental conduzido pelo Ibama, garantindo segurança e transparência em todas as etapas”, garante.
Para ele, o benefício da estratégia é o uso de energia firme, estável, e de alta confiabilidade, operando em regime contínuo, 24 horas por dia, e com o fator de disponibilidade superior a 90%, além de baixas emissões de CO₂.
“As aplicações pacíficas da tecnologia nuclear abrangem áreas estratégicas como melhoramento genético de plantas, combate a pragas agrícolas, diagnósticos e terapias na medicina nuclear, dessalinização da água do mar para abastecimento de regiões com escassez Hídrica”, lista.
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