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No Festival de Brasília, Cármen Lúcia diz que ‘algoritmo’ não pode limitar a ‘essência humana'

A ministra do STF discursou sobre Estado Democrático de Direito e a importância de as pessoas não serem desumanizadas pela tecnologia

R7 Planalto|Do R7, em Brasília

Cármen Lúcia, ministra do STF (Supremo Tribunal Federal), falou de cinema, sociologia, filosofia e até tecnologia na abertura da 4ª Conferência Audiovisual do 57ª Festival de Brasília. O tom do discurso da ministra, feito na manhã desta quinta-feira (5), se fundamentou na importância da arte para a democracia e a luta contra a desumanização.

Em um dos trechos, ela lembrou da cena final de Tempos Modernos, de Charles Chaplin, quando ele denuncia a máquina dominando e transformando o ser humano em autômato.

“As máquinas são para os seres humanos. Somos seres livres, não somos máquinas", pontuou a ministra.

E deu um leve beliscão em streamings, big techs e toda a tecnologia envolvida na produção de conteúdos que tomam a web atualmente. Para ela, homens e mulheres não podem perder a liberdade do pensamento individual, com o risco de se desumanizar.


“O que dizer agora das máquinas? E alguém que tem a ilusão de imaginar que o algoritmo vai dizer qual é a cena de cinema que vai ser mais vezes vista, e depois me contar que aquela cena é boa que eu veja, independente que eu gostar ou não. E turva minha liberdade de fazer escolhas segundo a minha essência humana, livre e única“, apontou, citando o termo “algoritmo”, usado por big techs para, por exemplo, decidir por um caminho ou fazer uma previsão por meio de análise de dados e padrões.

“Iguais em dignidade e direito”

Cármen Lúcia afirmou que todos são “iguais em dignidade e direito”, porém, únicos nas suas identidades. “E nós estamos maquinizando pessoas, nós estamos permitindo a insensibilidade como viga mestra de uma civilização que será desumana e servente a interesses monetarizados, lucrativos para algumas pessoas", concluiu.


As falas da ministra coincidem com um momento em que o assunto tecnologia e big techs está sendo discutido em várias esferas.

Como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a própria Cármen Lúcia conduziu a criação de regras novas para disciplinar o uso das redes sociais durante o processo eleitoral de 2024, iniciativa considerada bem-sucedida e que afetou diretamente as gigantes da tecnologia. O Google, por exemplo, google ficou impedido de fazer impulsionamento de posts relacionados a candidaturas.

O Congresso também discute a regulação das plataformas de streaming estrangeiras, assim como a inteligência artificial. Ponto que também aparece em casos no STF.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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