Ainda visto como petista, Marcus Alexandre tem teto na bolsonarista Rio Branco
Ex-prefeito se filiou ao MDB, mas terá o desafio de desvincular imagem à do PT, seu antigo partido; pesquisa mostra cenário equilibrado
Três Poderes|Do R7
No cenário político aquecido do Acre, uma figura central tem ocupado as manchetes: o ex-prefeito de Rio Branco Marcus Alexandre. Sua jornada recente, marcada por mudanças partidárias e os tumultos políticos resultantes, refletem a agitação que antecede as eleições de 2024.
Após nove meses sem filiação partidária desde sua saída do PT em 2022, Marcus Alexandre fez uma entrada no MDB, solidificando sua posição como pré-candidato para as eleições municipais de 2024. Esta mudança estratégica gerou uma onda de confusão e controvérsia, especialmente entre os partidos e veteranos da política do Acre.
A troca de partido de Alexandre causou uma verdadeira debandada no MDB local, com figuras proeminentes como Emerson Jarude, João Marcos Luz, Mara Rocha e Major Wherles Rocha optando por se desfiliar. Para muitos, a decisão de filiar Alexandre e de se alinhar com partidos de esquerda foi vista como uma traição aos interesses da população local, intensificando ainda mais as tensões políticas na região. E não apenas o MDB teve problemas com a chegada. O próprio PT local, na figura de seu presidente, o ex-deputado Daniel Zen, demonstrou chateação com um aparente desdém de Marcus Alexandre com sua ex-legenda.
Apesar das turbulências, as pesquisas eleitorais pintam um quadro interessante. Em pesquisa realizada pelo instituto Real Time Big Data, encomendada pela TV Gazeta, Marcus Alexandre lidera por uma pequena margem no cenário estimulado, entrando em um empate técnico com o atual prefeito Tião Bocalom, do PL, com 39% a 34%, respectivamente. Esse resultado é fruto do apoio maior dos eleitores de baixa renda que ganham até dois salários mínimos. Quando ouvidos os eleitores que ganham de dois a cinco e mais de cinco salários mínimos, Bocalom lidera a pesquisa em ambos os cenários com 38% a 36% e 42% a 25% respectivamente.
Entretanto, as tendências políticas atuais do Acre lançam sombras sobre a campanha de Alexandre. O estado é majoritariamente bolsonarista, o que representa um desafio significativo para um candidato alinhado à esquerda, provavelmente apoiado pelo PT e ainda tachado como petista. A alta rejeição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (62% dos entrevistados desaprovam seu governo) e a forte aprovação do atual governador Gladson Cameli (58% de aprovação do Governo Estadual), que apoiou Bolsonaro em 2022, fortalecem a posição de Tião Bocalom para o segundo turno, em que as pesquisas mostram um empate técnico entre os dois candidatos, 43% a 42%.
A polarização política definirá o resultado das eleições em Rio Branco, com o eleitorado demonstrando uma grande rejeição ao PT e a candidatos de esquerda como Marcus Alexandre. Esse desafio, aliado a entraves de Marcus Alexandre dentro até mesmo do próprio partido e dos partidos aliados, fortalecem a candidatura de Bocalom, que, apesar de começar ligeiramente atrás nas pesquisas, mostra resiliência e força para buscar a reeleição na capital da natureza.
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