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Agronegócio do café deve responder rápido às tarifas impostas pelos EUA, diz pesquisador

Existem ferramentas disponíveis no mercado que podem atenuar essa crise

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • A tarifa de 50% dos EUA sobre o café brasileiro é considerada um embargo às exportações.
  • O Brasil enviou 3,32 milhões de sacas de café aos EUA, 17% menos que no ano anterior.
  • Celso Vegro sugere que o Brasil utilize a B3 e outros contratos futuros para mitigar os efeitos das tarifas.
  • O Governo Federal sinalizou ofertas de crédito para ajudar os cafeicultores afetados pela nova tarifa.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Brasil enviou em seis meses para os EUA 3,32 milhões de sacas de café Cooxupé/Divulgação

A decisão do governo dos EUA de manter tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil equivale a um embargo norte-americano às exportações brasileiras de café (verde, solúvel e torrado e moído). A situação exige que o agronegócio do café do Brasil reavalie a situação e procure alternativas para minimizar aumento dos estoques internos e uma queda acentuada nos preços, alerta Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, o IEA-SP.

Embora nos primeiros seis meses deste ano o Brasil tenha enviado para os EUA 3,32 milhões de sacas de café, quase 17% menos que no mesmo período do ano passado, os norte-americanos adquiriram 17% do total das exportações brasileiras no período.


Por isso, “a tarifa imposta pelos EUA terá reflexos negativos sobre a economia cafeeira no Brasil, já que eles compram perto de 8 milhões de sacas por ano”, admite Vegro.

Em um artigo publicado semana passada, ele lembra que, em contrapartida, as exportações de café para todos os demais destinos somaram 19,41 milhões de sacas, representando receita cambial de US$ 7,52 bilhões.


Bolsa brasileira é uma alternativa

Mais do que esperar reações de importadores e consumidores norte-americanos (assim como ocorreu com suco de laranja) e as articulações do governo brasileiro, Vegro propõe reavaliar posições dos contratos futuros na Bolsa de Nova Iorque, privilegiando a bolsa brasileira, a B3.

“O momento é perfeito para que essa iniciativa ganhe musculatura, convidando, inclusive, outros países produtores (Vietnã e Colômbia) a se associarem a esse movimento”, defende o pesquisador.


Há mais de trinta anos o Brasil possui contratos futuros de café e, até meados dos anos 2000, esse mercado crescia. No entanto, questões tributárias (como IOF) e a necessidade do contrato casado (futuro de café e cambial) empurraram as operações para a bolsa de NY. “Com novas ferramentas financeiras essas dificuldades são contornáveis hoje”, avalia Vegro.

Café pode ser armazenado

O Governo Federal já sinalizou oferta de crédito aos cafeicultores, cooperativas, comerciantes e exportadores afetados pelas tarifas. Mas a isenção do IOF nas operações de contrato futuro e alguma subvenção no prêmio para os contratos de opções privadas são possibilidades que podem e devem ser consideradas.


Para Vegro, diante do risco de queda de preços com a retenção de café no Brasil e dificuldades para redirecionar o produto que seria encaminhado aos EUA, há ainda recursos como as Aquisições do Governo Federal (as AGFs), ou subvenção via Pepro, o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural.

“Café é produto não perecível, portanto armazenável”, lembra. Mais ainda: numa eventual aquisição do Governo Federal (via AGF ou Pepro) e dado os baixos estoques e demanda crescente por café no mercado mundial, “é possível até um entesouramento público por meio dessa operação” (leilão da CONAB).

“Como a política comercial, construída inclusive com empenho dos EUA, foi instrumentalizada para outros fins, perdeu-se a confiança no mercado norte-americano”, conclui o pesquisador do IEA-SP. E se não há tanta segurança, convém pelo menos aumentar a distância.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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