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Boi valorizado atrai investidores; confinamento cresce mais de 7% este ano

Estima-se um crescimento de animais no sistema de confinamento 7,1% maior que no ano anterior

Trilha do Agro|Valter Puga JrOpens in new window

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Por Antônio Reche (*)

De acordo com o Censo de Confinamento feito pela empresa dsm-firmenich, que teve os últimos dados coletados este mês, por aproximadamente 800 técnicos de campo, o país deverá alojar 8,53 milhões de cabeças. É um crescimento expressivo em relação aos 7,93 milhões de bovinos engordados em 2024. Os maiores volumes concentram-se no Mato Grosso, com 2,1 milhões de cabeças, aumento de 23,5%; seguido por São Paulo com 1,34 milhão, alta de 3,8%; Goiás com 1,1 milhão, queda de 1,5%; Mato Grosso do Sul com 957 mil, aumento de 6,7%; e, Minas Gerais com 740 mil, redução de 7,2%. Esses cinco estados confinam mais da metade do total nacional.


O que faz a diferença – Em 2024 foram feitas avaliações sobre indicadores zootécnicos e econômicos em diversas propriedades em sete estados. Os dados mostraram que animais suplementados com as novas tecnologias nutricionais obtiveram um ganho médio de 8,23 arrobas em 100 dias, pesando 12,7 arrobas na entrada, saindo com 21,17 arrobas. E a rentabilidade média foi de 15,18%, com alguns casos registrando 26,2%.

“O Tour de Confinamento reforça, na prática, o que já observamos no campo: a tecnologia nutricional aplicada a animais confinados tem o poder de transformar resultados. Ao longo de dez anos, construímos uma base sólida de dados técnicos que comprovam: consistência nos resultados e sustentabilidade são, sim, uma realidade possível”, afirmou Walter Patrizi, gerente de Confinamento da empresa.


Investidores urbanos – Quando o mercado sinaliza uma valorização futura do valor da arroba, o que está acontecendo atualmente, além dos pecuaristas tradicionais, os chamados “investidores do asfalto” entram no negócio. Existe um tipo de confinamento feito no boitel (uma espécie de hotel para bois). Não há a necessidade de ser pecuarista, ter propriedade rural nem rebanho bovino. Simplesmente adquire-se um um lote de animais e coloca-os para engordar no boitel. Existem três formas de pagamento: diária, por quantidade de alimento consumido e por ganho de peso. Contas feitas, se o investidor percebe que o rendimento será superior às taxas de juros praticada no mercado financeiro, a taxa Selic, por exemplo, ele transforma-se em pecuarista durante aproximadamente três meses e aufere os lucros da atividade. No mais recente dado disponível, 19,1% do gado foi engordado em boitéis, isto é, 1,632 milhão de cabeças. Segundo o consultor Thiago Bernardino, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, CEPEA/USP, “a oferta mundial de carne bovina está enxuta”.

Cenário provável – Caso as previsões de Bernardino se confirmem, é possível que a arroba tenha o seu valor em algo entre R$ 340/360. Hoje ela beira R$ 320. Muitos fatores influenciam esse mercado: os conflitos mundiais e a taxa de câmbio são dois deles, mas o cenário, por enquanto, é muito favorável aos pecuaristas. É importante lembrar que 70% da carne bovina produzida destina-se ao mercado interno, portanto o poder de compra do brasileiro é peça chave nesse tabuleiro. Mas o consultor lembra ainda que no próximo ano haverá eleição no país, o que costuma aumentar o consumo dessa proteína. Uma coisa parece certa, apesar dos preços da carne bovina estarem inacessíveis para uma parcela da população e o consumo vir diminuindo ano após ano, não se enxerga no médio prazo queda nos valores desse produto.


(*) Antônio Reche é jornalista, especializado em Economia e Agronegócio e fez mestrado pela MBA-FIA/BM&F Derivativos e Informações Financeiras.

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